sexta-feira, 22 de maio de 2015

Young (PPS) denuncia violência contra conselho participativo de Parelheiros

Em sua fala no Pequeno Expediente de terça-feira (21/5), Ricardo Young (PPS) compartilhou com os demais vereadores uma lamentável denúncia que recebeu em seu gabinete, sobre atos de violência cometidos contra conselheiros participativos da região de Parelheiros. A polêmica foi pauta da Rádio Jovem Pan (ouça aqui)

Young aproveitou ainda a oportunidade para falar brevemente sobre sua viagem ao Butão e toda a riqueza que a experiência desse país tem a oferecer à democracia brasileira. Confira a íntegra do depoimento:

“Vou falar de dois assuntos. Um é muito, muito, bom e deve servir de referência, e o outro é muito, muito, ruim, que deve receber o nosso repúdio.

Eu vou começar pela boa notícia. Como vocês sabem, eu estive em licença, numa viagem de dez dias ao Butão. O Butão é um país pequeno, de 700 mil habitantes, que é um enclave entre a China e a Índia, nos Himalaias, e vem sendo conhecido mundialmente como o país que resolveu desafiar o critério único de desenvolvimento medido pelo PIB (Produto Interno Bruto). Como todos nós sabemos, o grande problema do PIB é que ao medir o crescimento apenas em cima da atividade econômica de produção de bens e serviços, não se mede a qualidade de vida. Então, se nós temos mais atropelamentos, nós vamos ter aumento do PIB; se tivermos mais hospitais, vamos ter aumento do PIB; se tivermos mais presídios, vamos ter aumento do PIB.

O Butão, na contramão dessa tendência, resolveu desenvolver o que hoje é conhecido como FIB, que é o Índice Nacional Bruto de Felicidade. Isto é, o rei, na época, resolveu ao invés de desenvolver o país da forma tradicional, caminhar junto ao povo e perguntar ao povo o que o povo desejava para o país como desenvolvimento. Ele identificou alguns critérios de felicidade. Chamou especialistas, técnicos internacionais e montou o índice nacional de felicidade, que subordina a atividade econômica à felicidade da nação. Contrário à forma que fazemos aqui. E têm sido impressionantes os resultados disso.

O Butão é um país completamente independente, aliás, foi um dos únicos países da Ásia que não foram colonizados. É um país onde não existe pobreza. A população é extremamente satisfeita. Eu visitei a capital, a cidade de Thimbu, que é uma capital onde a vida urbana é de altíssima qualidade. A integração com o meio ambiente e a natureza é absoluta e os problemas que o Butão vive hoje são de como harmonizar esse estilo de vida único com a pressão sobre o turismo e sobre as visitas ao Butão. Então é um país que vale a pena conhecer. É um desses lugares que nós principalmente que estamos na política precisamos conhecer. O que move os líderes do Butão é a satisfação e a qualidade de vida do seu povo. Isso é o que orienta a política do país. Voltarei a falar sobre isso, porque, como eu tenho pouco tempo, eu tenho que ir para a má notícia.

E a má notícia é lamentável. Muito longe, mas muito longe mesmo das 36 horas que nos separam do Butão. Recebi no meu gabinete uma série de denúncias anônimas do Conselho Participativo, de conselheiros que têm sido coagidos, ameaçados e obrigados a alterar as suas atas de reuniões. Isso em Parelheiros. Na terça-feira, anteontem, circulou nas redes sociais o vídeo com agressões ao conselheiro participativo de Parelheiros conhecido como Fernando Bike. Ele estava filmando uma ação da Prefeitura, que estava derrubando uma ponte que tinha sido construída pela comunidade, com a participação do Conselho Participativo, quando veio uma pessoa, lhe tirou a câmera e o espancou. Ele levou uma surra por estar fazendo isso. E a comunidade está muito revoltada, os conselheiros participativos estão revoltados. Eu estou recolhendo documentação que eu vou passar aqui nesta Casa e eu queria dizer que a falta de diálogo com a comunidade e o conflito ideológico estão acabando em violência em Parelheiros.

Qualquer força política que esteja envolvida precisa urgentemente tomar providências ou serão corresponsáveis pelo que está ocorrendo lá.

Eu pediria para os vereadores que atuam na região de Parelheiros, Alfredinho (PT), Ricardo Nunes (PMDB) Arselino Tatto (PT), Camisa Nova (DEM), que olhem para a situação de Parelheiros e atentem para essa questão. Há um conflito entre o Conselho Participativo e a Administração Regional. Estamos vendo acontecer em Parelheiros o que já aconteceu no Parque dos Búfalos. A organização da comunidade em prol de uma causa tem como resposta a violência e a coerção.

Peço que todos os vereadores colegas estejam atentos a isso porque os Conselhos Participativos foram constituídos para fazer com que as Administrações Regionais funcionassem melhor e não para serem reprimidos pela própria Administração Regional. Muito obrigado”.

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