segunda-feira, 14 de maio de 2012

Seminário apresenta avanços na atenção a autistas


Sítio da Câmara
Fotos - Fábio Lazzari Jr./CMSP

A construção de políticas públicas que atendam a crianças e adultos autistas e a necessidade de observar os portadores desse transtorno individualmente foram os assuntos do seminário "Educação para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo", realizado nesta segunda-feira (14/5) pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes. O presidente da Comissão, vereador Professor Claudio Fonseca, líder do PPS, afirmou ser “angustiante ouvir as dificuldades de quem tem necessidade de atendimento especial, numa rede de ensino desse tamanho”.

Para Silvana Drago, coordenadora do Projeto Rede/Programa Inclui da Secretaria Municipal de Educação, a integração de autistas na rede pública de ensino é essencial. Ela defende que a convivência mista tem sido benéfica para esses alunos. “Eles permanecem mais na escola e aprendendo”, observou.

Segundo ela, dois avanços na política municipal de educação inclusiva são as Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI), que dão suporte a alunos e professores nas escolas, com material adaptado, e a formação de Professores de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (PAAI), que realizam trabalho itinerante junto às escolas.

De acordo com o Sistema Escola Online da Prefeitura, atualmente existem mil alunos na rede municipal de ensino com algum transtorno global, denominação que inclui o autismo e as síndromes de Asperger e Rett. Entretanto, não basta os educadores conhecerem as características gerais dessas condições, segundo Hellen Beatriz Figueiredo, que trabalha no PAAI. “A escola precisa conhecer cada autista especificamente”, esclareceu.

Ela narrou a sua trajetória com um aluno autista que acompanhou na região do Jaçanã. O garoto chegou à escola no primeiro ano do ensino fundamental, andando apoiado sobre os quatro membros, sem falar e com um comportamento arredio e agressivo. “Vendo sintomas e características daquele menino, vimos quais intervenções poderiam ser feitas”, disse. “Os professores do módulo foram nossos maiores parceiros”, explicou, esclarecendo a relação da escola com o PAAI, que acompanha a criança e define como ela deve ser atendida.

No caso do aluno autista, a professora contou que o acompanhamento exigiu criatividade. “Uma sacada foi a criação de uma roupa especial, com bermuda e camiseta costuradas, que ele gostava. Depois que ele percebeu que não ia conseguir tirar a roupa, desistiu e viu importância de se vestir”, lembrou.


Segundo ela, o acompanhamento contínuo foi essencial para controlar os avanços do aluno, inclusive colocando regras quando ele passou a andar sozinho. Ela encerrou seu depoimento mostrando um e-mail que recebeu do garoto, contando novidades. “Em que outro lugar um autista que aos sete anos tinha laudo de autismo não-verbal poderia estar com dois amigos e namorada, se comunicando com sua professora do 1º ano? Apenas na escola”, disse.

Sobre o Autismo

A psiquiatra Gabriela Viegas Stump, assessora especial da Secretaria do Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, afirmou que o autismo ocorre em uma a cada 168 crianças e atinge em sua maioria o sexo masculino.

Entre os principais sintomas do transtorno, que segundo ela ainda está sendo pesquisado, está a inabilidade em compreender a linguagem não verbal. “Eles entendem o significado da tristeza, por exemplo, mas não conseguem perceber se alguém está triste ou não”, explicou.

Como características associadas ao autismo, que são importantes para se ter atenção no ambiente escolar, Stump citou as ilhas de habilidades (casos em que a pessoa consegue realizar determinadas tarefas com alto nível de competência) e a obsessão por rotina.

A psiquiatra ainda atentou para o fato de que o conhecimento sobre o autismo e as características de cada indivíduo com o transtorno são fundamentais para se lidar com a criança no momento de surto. Segundo ela, é comum “entupirem o autista com remédios”, enquanto muito poderia ser resolvido com conversa e isolando o autista do contexto que provocou a alteração.

Matéria veículada pela TV Câmara pela repórter Adriana Natali


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