segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Denúncia de corrupção na Câmara: Young vê irresponsabilidade da Prefeitura


O líder do PPS na Câmara dos Vereadores, Ricardo Young, aproveitou a sessão ordinária da última quinta-feira (30/10) e mostrou indignação por ver novamente a Casa em denúncias de corrupção - no domingo (26/10), reportagem do Fantástico flagrou integrantes da CPI dos Alvarás da Câmara pedindo propina para empresários investigados pela comissão encerrada no final de outubro. 

Young pediu que todos os integrantes da CPI e a Corregedoria da Câmara esclareçam as denúncias. Ele criticou, também, o fato de Roberto Torres, engenheiro da Prefeitura flagrado na reportagem pedindo dinheiro para um empresário, ter sido liberado pela Prefeitura para a CPI mesmo sofrendo investigação pela Controladoria Geral do Município por suspeita de enriquecimento ilícito. 

“Como escala o senhor Roberto Torres para prestar serviços à CPI, sabendo-se que este funcionário estava sendo investigado pela própria Prefeitura? Quer dizer, há no mínimo uma prevaricação ou uma irresponsabilidade”, disse. A Rádio Estadão (acima) repercutiu a fala do vereador. Abaixo, a íntegra do discurso no Plenário. 

“Sr. Presidente, nesta minha fala de liderança estou me dirigindo a V.Exa., também à liderança do Governo e aos demais líderes dos partidos presentes na Casa.

Estou muito preocupado com os últimos fatos que vêm envolvendo a Câmara Municipal. Estamos quase há dez dias sem sessões, hoje não vamos ter a sessão extraordinária e não temos conseguido votar, debater, não temos conseguido cumprir parte das nossas funções e responsabilidades parlamentares.

O fato de se argumentar que não há acordo de lideranças para derrubarmos sucessivamente as sessões tem sido motivo de enorme desgaste junto aos vereadores, à opinião pública e à imprensa. Esta Casa, como acabou de demonstrar o nobre Vereador Ricardo Nunes, trabalha bastante, trabalha muito, mas não temos sido capazes de comunicar isso à população e não temos conseguido fazer com que o funcionamento da Casa volte à normalidade.

Na minha última fala no Pequeno Expediente, mostrei as estatísticas: esta Casa está trabalhando com menos de 50% do seu potencial; as sessões que têm caído representam quase 50% de todas as sessões que temos tido. Mais uma vez, esta semana se passou e não tivemos sessões. Acho isso gravíssimo e as lideranças precisam intervir no sentido de se modificar isso.

O segundo aspecto que é bastante constrangedor é ver a Câmara Municipal de novo nas paginas policiais. Eu não sei V.Exas., mas eu tenho verdadeira repugnância pela tentativa sucessiva de confundir atividade política com atividade criminosa. Temos uma vida, uma reputação, fomos eleitos pelo povo e é absolutamente insuportável ver os nossos nomes e as nossas atividades confundidas com atividades criminosas.

Para mostrar à opinião pública que esta não é uma Casa de atividades criminosas temos de ser implacáveis no esclarecimento das denúncias envolvendo a CPI dos alvarás, absolutamente implacáveis. A Corregedoria tem de agir. Infelizmente a nossa Corregedora não está presente, mas a nossa Corregedoria tem de agir. Temos de esclarecer todos os fatos. Todos os membros da CPI, creio, devem, sim, explicações a todos os colegas da Casa. E também a Prefeitura deve explicações. Como a Prefeitura escala o Sr. Roberto Torres para prestar serviços à CPI sabendo que esse funcionário já estava sendo investigado pela Prefeitura? Quer dizer, há, no mínimo, uma prevaricação ou uma irresponsabilidade nisso.

Acredito que não podemos ficar passivos em relação a essa situação. É insuportável para este Vereador ver esta Casa nas páginas policiais. Embora não haja nenhum indício concreto que possa envolver qualquer vereador, é a nossa responsabilidade, como vereadores, mostrar que não existem indícios mesmo; e, por não existirem, aqueles que levaram a essa situação, que envolveram esta Casa e constrangeram todos nós precisam ser punidos.

Acabamos de retornar de um período eleitoral dificílimo, em que a intolerância prevaleceu. Uma das razões pelas quais a intolerância vem prevalecendo é porque o País não suporta mais a impunidade e o compadrio entre os políticos. Nós, aqui, estamos políticos neste momento. Amanhã, provavelmente, estaremos de volta às nossas atividades na sociedade, ou continuaremos políticos. Temos obrigação de zelar para que o exercício da política seja honroso neste país, para que o exercício da política seja exemplar neste país, para que o exercício da política possa emanar valores que engrandeçam e iluminem a sociedade. Então esta Casa tem obrigação de zelar pela sua reputação e não deixar pedra sobre pedra de quaisquer dúvidas que possam pairar sobre os últimos incidentes. Muito obrigado, Sr. Presidente”.

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