O líder do PPS na Câmara Municipal, vereador Ricardo Young, usou a tribuna nesta quarta-feira (26/2) e fez um discurso veemente contra as incoerências do Governo na questão do Projeto de Lei 17/14, de autoria do Executivo, que prevê obras de implantação de corredores de ônibus.
Young destacou a questão da Avenida Nossa Senhora do Sabará, zona sul, que mobiliza moradores e comerciantes da região receosos com as centenas de desapropriações que prevê o projeto. Segundo o prefeito, não haverá desapropriações na região. Já Jilmar Tatto, secretário de Transportes, faz outro discurso.
“O Prefeito diz que não haverá desapropriações, confunde a imprensa, confunde os vereadores, confunde a população. E o Secretário, que é muito próximo do Prefeito, diz que haverá desapropriações e já discutiu, inclusive, onde haverá desapropriações o estoque que ficará à disposição da indústria imobiliária de São Paulo (...) a população não tolera mais ser enganada!”, disse Young, para aplausos da platéia – centenas de comerciantes e moradores da região estavam presentes à sessão. Veja abaixo a íntegra do discurso do vereador.
O líder do Governo, vereador Arselino Tatto (PT), não conta nem com a simpatia de aliados para aprovar o Projeto em primeira votação. A questão volta à pauta nesta quinta-feira, quando duas sessões extraordinárias estão convocadas. Duas audiências públicas estão marcadas para próxima semana. A primeira acontece na quinta, dia 6, às 15h, no Plenário Primeiro de Maio.
Comissão de Transportes também debateu o tema da Sabará
A reunião de hoje (26/2) da Comissão de Trânsito e Transportes também foi marcada pela movimentação dos moradores da região da Avenida Nossa Senhora do Sabará. Eles protestam contra o projeto da Prefeitura que prevê um corredor de ônibus na via que, segundo eles, irá desapropriar 484 imóveis e prejudicar cerca de dez mil comerciantes do local.
Vestindo camisetas pretas com os dizeres “Não ao corredor da Sabará”, cerca de 100 moradores ocuparam a frente da Câmara Municipal no final da manhã e foram ouvidos pela equipe do mandato do vereador Ricardo Young (PPS).
Como membro da Comissão (que ocorre toda quarta às 12h, mas havia sido cancelada por falta de projetos na pauta), Young pediu que o espaço da reunião fosse usado para ouvir os manifestantes, como uma audiência pública informal. Senival Moura (PT), presidente da Comissão, aceitou.
“Esse corredor trará prejuízos ao local. Vocês estão indo na contramão da região. Santo Amaro é um polo gerador de empregos não só para os moradores do bairro, mas para as cidades circunvizinhas”, afirmou José Paulo, morador do local e membro do conselho participativo municipal, durante a reunião com os vereadores. Os membros do movimento entregaram aos parlamentares cerca de 4.700 assinaturas contrárias à implantação do corredor na avenida. Eles ainda pediram aos parlamentares que realizem uma audiência pública em um colégio do bairro.
Discurso do Comunicado de Liderança
“Sr. Presidente, farei um comunicado em nome da Liderança do PPS. Peço licença para iniciar minha comunicação com um vídeo que mostra a declaração do Sr. Prefeito hoje sobre o PL 17/2014, relativo aos melhoramentos viários necessários à implantação de corredores de ônibus.
Acabamos de ouvir do Prefeito que não haverá desapropriações. Ao mesmo tempo, o próprio jornalista César Tralli demonstra certa confusão em relação ao que o Prefeito disse. Segundo declaração feita pelo Secretário de Transportes, Jilmar Tatto, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, “a proposta, divulgada pelo secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, ainda não explica como imóveis particulares, depois de desocupados, serão entregues a empreiteiras – que poderão construir unidades residenciais ou comerciais. Segundo Tatto, uma das justificativas para a proposta é o adensamento de áreas perto dos corredores”. Depois, diz o Secretário: ‘A ideia é desapropriar toda a quadra e fazer a venda de lotes, casas, apartamentos. Aí, adensa a área onde está o transporte público. Desapropria todo o pedaço e esse estoque de terra serve para pagar a desapropriação que se precisa para o transporte. O setor imobiliário constrói. Isso é uma ideia do prefeito, não é minha, não’, disse Tatto”.
“Isso é uma ideia do Sr. Prefeito. Não é minha.” – diz o Secretário Tatto.
Bom, é evidente a contradição. O Sr. Prefeito diz que não haverá desapropriações, confunde a Imprensa, confunde os Srs. Vereadores, confunde a população. E o Secretário, que é muito próximo do Sr. Prefeito, diz que haverá desapropriações e já discutiu, inclusive, onde haverá desapropriações o estoque que ficará à disposição da indústria imobiliária de São Paulo.
Portanto, se há alguma dúvida, aqui, entre os Pares, de que a reivindicação da população da Nossa Senhora do Sabará é justa, é justa! Porque a população não tolera mais ser enganada!
Quantas vezes os gestores públicos vão nos enrolar? Enrolam o Legislativo, enrolam a população, não se entendem e dão sinalizações completamente contraditórias.
E, agora, nós Vereadores dessa Casa, vamos ser obrigados a aprovar um projeto de lei em primeira que esconde aí uma série de outras intenções inconfessáveis. Inclusive inconfessáveis pelo próprio Sr. Prefeito.
Solicito, nobre Vereador Alfredinho, que V.Exa., como Líder do PT e, nobre Vereadores Arselino Tatto, Líder da Bancada do Governo se expliquem.
Como é que vocês, do Governo, conseguem trabalhar com tamanha contradição? É um absurdo.
Solicito aos Srs. Vereadores que prestem atenção: estamos sendo enrolados, a população está sendo enrolada e não toleramos mais isso. Obrigado, Sr. Presidente”.
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