quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Young fala do escassez de água

O líder do PPS na Câmara Municipal, Ricardo Young, utilizou a tribuna da Câmara Municipal nesta quarta-feira (12/2) para falar da escassez de água no Estado de São Paulo. Veja abaixo a íntegra do discurso: 

“Boa tarde, Srs. Vereadores, telespectadores da TV Câmara São Paulo, a todos que nos assistem.

Tratarei de um assunto que, embora esteja em todos os jornais, e que as pessoas tenham conversado sobre o mesmo, eu ainda não tenho certeza de que estamos dando a devida importância a essa questão.

Sabemos que São Paulo vive a maior crise de escassez de água dos últimos dez anos. São mais de dez anos. Estamos vivendo uma situação absolutamente crítica. E os governantes não têm interesse de falar do tema, mas nós vamos ter racionamento. E os governantes tentam esconder a inépcia que seus governos tiveram de entender as consequências reais das mudanças climáticas.

As mudanças climáticas afetam, sobretudo, as grandes cidades. Sabe-se disso já há algum tempo. As grandes cidades serão as primeiras a sofrer com as enchentes, a escassez da água, o racionamento de alimentos e o aumento de preços causados pelas alterações climáticas. Tanto é verdade que, no âmbito das Nações Unidas, já foram criados os estudos necessários para se fazer mitigações em escala global. E a C40, que une as maiores cidades do mundo, também foi criada para que as cidades do mundo inteiro pudessem trocar informações para enfrentar as mudanças climáticas.

Pois bem, as mudanças climáticas chegaram, e de uma forma bastante violenta.

São Paulo consome 4,3 vezes mais do que a água disponível para todo o Estado. A escassez na Cidade é de natureza nordestina. Embora estejamos cercados de vários mananciais, o mau tratamento que temos dado a essas áreas, a leniência na sua ocupação, enfim, a leniência e a irresponsabilidade no trato das nossas águas – Guarapiranga, Tietê, Billings – estão fazendo com que dependamos de todo um sistema de fornecimento de água que fica a mais de 150 km da Cidade. E temos casos como o de Bragança Paulista, que consome 30% da água daquela região.

Agora estamos numa situação de fragilidade imensa. E o grande questionamento que se faz é: não sabia, o Governo do Estado, através da Sabesp, que nós nos encontraríamos nessa situação? Os índices pluviométricos de dezembro já não apontavam para essa escassez?
A água em São Paulo é da mão para a boca; consumimos a água do dia anterior. Se passarmos um mês, dois meses em estiagem, teremos, no mínimo, dois meses para mais de racionamento – situação que não ocorreu porque nos últimos quatro anos tivemos uma chuva muito maior do que a esperada.

Mas agora chegou a hora da verdade. E o que fazer?

Pergunto ao Líder do Governo da cidade de São Paulo: por que a Prefeitura não fez maiores esforços junto à Sabesp para sensibilizar o povo de São Paulo sobre a situação que estamos vivendo?

No ano passado, nesta Casa, votamos uma verba para um convênio entre o Município e a Sabesp. Então por que o Governo de São Paulo não exigiu da Sabesp a responsabilidade devida?

Dirijo-me ao Líder do PSDB e pergunto: por que o Governo do Estado se calou até agora sobre essa fragilidade hídrica? Por que o Governo do Estado continua penalizando os municípios metropolitanos e do entorno da região de São Paulo, usando água de outros lugares em vez de enfrentar a escassez de água da cidade de São Paulo? Por que a educação para o consumo de água não é uma constante na propaganda e na mídia das quais os governos se utilizam?

Vivemos uma situação crítica, e viveremos outras mais. Mudanças de hábito da população são fundamentais, mas  mudanças de abordagem do Governo e a competência com que tratamos desses assuntos precisam mudar urgentemente.

Para terminar, Sr. Presidente. Discutimos este ano o PDE, provavelmente iremos votá-lo nos próximos dois ou três meses, e a única forma de mitigar a falta de água e a dependência hídrica que São Paulo tem das outras cidades, das outras regiões de São Paulo, é garantir a captação de água no próprio município. Portanto, precisamos radicalizar uma política de cisternas e piscinões urbanos que captem 100% das águas das chuvas, transformando inundações em fontes de recursos hídricos para a Cidade.

Vamos discutir o PDE, a nova legislação que tenha sido banida do seu país de origem, porque muitos fizeram agrotóxicos com esses elementos químicos. Eles, comprovadamente, fizeram pesquisas, viram que isso fazia mal para a saúde, acabam proibindo a comercialização no seu país, mas comercializam com os países em desenvolvimento. Esse é o lucro fácil das grandes indústrias. Não se preocupam com a saúde da população.

O Brasil, queiramos ou não, é o foco principal sobre essa questão, porque de todo agrotóxico comercializado no mundo, 20% é absorvido pelo mercado brasileiro.

Essas grandes indústrias têm a mira focada no Brasil e nós temos que fazer essa discussão com mais profundidade.

A Anvisa já obteve provas de que esses produtos fazem mal para a nossa saúde, e ela coloca claramente o que pode acontecer. Essas substâncias podem provocar câncer, disfunções neurológicas, má formação fetal, cefaleia, diarreia, uma série de questões que prejudicam a saúde das pessoas.
Nesse sentido, o PL coloca também que a Prefeitura tem de fazer grande publicidade e dar visibilidade sobre essas questões, assim como fiscalizar a sua comercialização.

Por isso, cremos que esse PL é de extrema relevância para a cidade de São Paulo e vimos pedir encarecidamente a força dos Srs. Vereadores, para o aprovarmos rapidamente, de forma que a população da cidade de São Paulo possa ter melhores condições e saúde do que temos hoje. Muito obrigado".

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