A Comissão de Trânsito e Transportes da Câmara ouviu nesta quarta-feira (26/3) a diretora de planejamento da SPTrans, Ana Odila de Paiva, que veio à Casa explicar as recentes retiradas de linhas de ônibus em vários pontos da cidade feitas pela companhia.
O convite havia sido feito após protestos de moradores da Vila Gomes, na Zona Oeste, que pediam a volta do itinerário 577-T, removido da região após mais de 20 anos de operação. O vereador Ricardo Young, líder do PPS, articulou o diálogo dos usuários com o colegiado, que resultou em um requerimento pedindo a audiência.
Odila argumentou que o objetivo das mudanças é a racionalização do sistema. Segundo ela, linhas antigas precisam ser mudadas porque, “à época em que foram criadas, não levavam em consideração as múltiplas integrações proporcionadas hoje pelo Bilhete Único. Nosso projeto hoje é qualificar o sistema de ônibus. Organizá-lo de forma a funcionar em formato de rede, como o metrô”, disse.
A diretora afirmou que a SPTrans está trabalhando em três pilares de atuação: faixas exclusivas, racionalização das linhas e controle operacional informatizado dos veículos. O corte na linha que fazia o trajeto Jardim Miriam-Vila Gomes, conhecido como “azulzinho”, foi alvo da operação. “Essa é uma das linhas que passam pela Paulista e pela Rebouças, avenidas que precisam ter o número de ônibus reduzido para aliviar os trânsitos locais”. Odila ainda alegou que a reclamação dos moradores deveria ser atenuada, pois, segundo ela, eles teriam sido “agraciados” com a implantação da estação Butantã do metrô, próxima ao bairro.
“Não ganhamos nada”, respondeu Givanildo, morador do local. “A população tem direito a isso. A apresentação da senhora está tecnicamente muito boa, mas distante do cotidiano do bairro. Estamos na região que possui o segundo maior índice de idosos da capital e essa linha era essencial para essa parcela da população”, justificou.
Ricardo Young endossou a fala da população com críticas à falta de planejamento em ações que envolvem a mobilidade na cidade. “O metrô não está substituindo os ônibus nessa região. A própria linha amarela está sobrecarregada pelo acúmulo de usuários vindos de outras linhas da CPTM. Mais do que isso, a comunicação não está funcionando. Os usuários não são devidamente informados sobre os impactos diretos em suas vidas”, ponderou.
Ana Odila admitiu as falhas na comunicação da SPTrans com a população. “Reconhecemos que temos problemas graves em avisar os moradores sobre as mudanças, já reclamei isso com minha equipe”. A diretora, no entanto, esboçou recusa sobre o pedido dos usuários da linha 557-T pelo retorno do itinerário. “Se isso acontecer, será pelo movimento que vocês estão organizando, pela pressão. E não pelos motivos e argumentos que estão sendo apresentados”, disse.
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