segunda-feira, 11 de julho de 2011

Estádio do Corinthians: verdade e mitos

*Claudio Fonseca

Uma questão que até já virou folclore nas conversas de roda de toda a cidade é o estádio do Corinthians. Gozação para alguns, coisa séria para outros, o fato é que virou questão de honra – e legítima - para os alvinegros a construção da sua casa, da sua sede.

Com a Copa de 2014 programada para acontecer no Brasil, os dirigentes corintianos, muito bem relacionados com os da Confederação Brasileira de Futebol - e aproveitando a briga política entre cartolas nacionais e o São Paulo Futebol Clube, crise que tirou o Morumbi dos planos – aproveitaram para se candidatarem a ser o palco do jogo de abertura. Outro direito legítimo.

E a manobra alvinegra conseguiu fazer com que a Câmara Municipal aprovasse no final do semestre, com meu voto contra, um projeto de incentivos fiscais de até R$ 420 milhões para a construção do estádio do Corinthians em terreno já doado pela Prefeitura na Zona Leste. Em tempo: os recursos só serão destinados ao empreendedor com a condição de São Paulo seja a sede da abertura da Copa.

O argumento usado pelos parlamentares favoráveis aos incentivos é que “toda a zona leste vai ganhar com o estádio”. Ora, no projeto não há nenhuma contrapartida para a cidade já que esses certificados de incentivo ao desenvolvimento servirão apenas para passar recursos aos empreendedores que farão o estádio, jamais vinculados à Zona Leste. O estádio é um empreendimento privado, sendo assim deveria receber investimentos privados, não públicos.

Eu, nascido e criado na Zona Leste, luto pela região. Em 2004, votei no Programa de Desenvolvimento Econômico da Zona Leste, com o objetivo de atrair investimentos para a geração de renda e a criação de empregos, além de reorganizar a malha viária, como a adequação da infra-estrutura urbana através da Operação Urbana Rio Verde - Jacu Pêssego. Projeto que previa o desenvolvimento econômico da região, diferente do que destina recursos a um estádio particular de futebol.

Além do mais, com esses recursos seria possível construir 840 escolas de educação infantil para atender, em cada uma delas, 240 crianças. É uma pena que a mídia em geral não dê a mesma atenção à Educação como dá ao futebol. Os interesses financeiros são maiores.

Não é de hoje que o futebol passou a ser um excelente negócio. Há transações milionárias de jogadores para diferentes clubes, há os ganhos com a venda de cotas para a transmissão de jogos nas TVs (abertas e fechadas), na venda de souvenires dos times, a venda de ingressos, os patrocínios nas camisas, entre outros fatores que tornam injustificável o investimento de incentivos fiscais públicos para a construção de um estádio particular.

*Professor Claudio Fonseca – Vereador Líder da Bancada do PPS e Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara Municipal de São Paulo

Coluna OPINIÃO publicada na edição 990 do Jornal Folha de Vila Prudente, Página 2.

Nenhum comentário:

Postar um comentário