sexta-feira, 24 de abril de 2015

“Até quando vamos tolerar esses desaforos e o descuido com o meio ambiente?”

O caos ambiental da cidade de São Paulo foi mais uma vez lembrado em plenário pelo vereador Ricardo Young (PPS) nesta quinta-feira (23/4). Ele aproveitou seus cinco minutos de espaço no Pequeno Expediente para destacar assuntos como o Parque dos Búfalos e o Parque Vila Brasilândia, temas que haviam sido debatidos pela manhã na reunião da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade. Confira a íntegra de sua fala:

“Hoje tivemos a reunião da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade, com a presença de muitas pessoas, e novamente vieram à tona as grandes dificuldades que temos tido na Cidade para manter nossos parques.

Estamos vivendo essa situação no Parque dos Búfalos. Sei que o nobre Vereador Jonas Camisa Nova já falou sobre esse parque, mas não é admissível concordarmos com a construção que se pretende fazer lá, sob a alegação de que a região pode ser invadida - como de fato está sendo invadida - uma vez que durante 40 anos nunca ninguém havia invadido esse lugar.

Se nunca ninguém invadiu o Parque dos Búfalos é porque a população tinha uma concordância tácita de que a destinação daquele lugar deveria ser para lazer, área verde, permeabilização do solo, preservação dos mananciais.

Eis que, a partir do momento em que aquela área teve a sua DUP – Declaração e utilidade Pública – revogada pelo prefeito Fernando Haddad em 2013, houve a sua comercialização e destinação à habitação social e foi ai que os problemas começaram a surgir.

Essa invasão que lá está é uma invasão claramente instrumentada pelo interesse econômico de fazer a construção popular, senão, não se justificaria. O parque está lá há 40 anos, como que, de repente, começa um processo de invasão de forma completamente desestruturada, já que esse grupo não está identificado com nenhum movimento de invasão? Foram lá e invadiram o parque sob o argumento de que se não o fizessem, outros grupos fariam.

Na verdade, essa invasão tem a clara intenção de chantagear o Movimento do Parque dos Búfalos para que se acelere o processo da construção.

E isso não tem ocorrido somente no Parque dos Búfalos. Nós, agora, temos uma situação na Vila Brasilândia. Acabei de ter uma reunião com o Secretário do Verde e Meio Ambiente, Wanderley Meira do Nascimento, e ele afirmou que a situação do parque da Vila Brasilândia não corre nenhum risco de retrocesso. Apesar de idas e vindas, há a garantia do Sr. Secretário no sentido de que não haverá retrocesso.

Também hoje na reunião da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade, a SOS Mata Atlântica apresentou o projeto do Plano Municipal da Mata Atlântica. Falaram-nos das diversas oficinas que farão nas subprefeituras, procurando identificar remanescentes da Mata Atlântica e o que precisa ser feito para regenerar esse bioma na Cidade.

Tanto o Presidente da Frente, o nobre Vereador Gilberto Natalini, como eu, tivemos uma fala dura com os movimentos ambientalistas, porque não mais se trata de ter planos, de participar de comissões, de conselhos, mas, sim, de instituir a vontade política necessária para que a Cidade regenere os serviços ambientais. Isso, o movimento ambientalista não está fazendo.

Estou muito preocupado porque movimentos como Amigos da Terra, SOS Mata Atlântica, Vitae Civilis e outros, perderam a vitalidade. Perderam ou porque passaram a trabalhar em estreita colaboração com o Governo, e sabemos que o Governo Federal e os governos estaduais têm manobrado para cooptar os movimentos da sociedade civil, ou porque a questão ambiental deixou de fazer parte do repertório da população.

A pergunta é: até quando vamos tolerar esses desaforos e o descuido com o meio ambiente? Até que não tenhamos mais acesso aos serviços ambientais mínimos, até que entremos em colapso como cidade?  Bom, estamos na Frente e na Comissão trabalhando para não chegar a isso”.

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