"A melhor coisa que a Câmara pode fazer no dia do meio ambiente é votar o máximo de emendas ao Plano Diretor que tragam benefícios para o meio ambiente. Hoje a Folha de S. Paulo traz uma pesquisa que mostra como a população de São Paulo está cada vez mais assustada com a péssima situação ambiental em que a cidade se encontra. Se a população reconhece a gravidade do problema, como nós, legisladores, podemos negligenciar a prioridade da sustentabilidade no Plano Diretor?" Abaixo, a íntegra do discurso do líder do PPS, Ricardo Young, durante sessão ordinária da Câmara no Dia Mundial do Meio Ambiente.
“Sr. Presidente, Srs. Vereadores, primeiro gostaria de dizer o quanto fico feliz de falarmos no Pequeno Expediente, porque temos a oportunidade de discutir a Cidade e pontos muito importantes.
Segundo, Presidente Claudinho de Souza, gostaria de perguntar se V.Exa. sabe, hoje, no Dia Mundial do Meio Ambiente, qual a melhor atitude que a Câmara Municipal poderia tomar pelo Meio Ambiente. V.Exa. tem ideia? O melhor que esta Casa pode fazer, no Dia Mundial do Meio Ambiente, é votar o máximo de emendas do Plano Diretor que tem a ver com o meio ambiente.
Por quê? A pesquisa Datafolha realizada nesta semana mostra que 41% da população de São Paulo considera a poluição o problema mais grave da nossa Cidade. Depois consideram o lixo e o saneamento como os problemas mais sérios que a Cidade tem hoje. Além da questão da mobilidade e do transporte, que já conhecemos, estamos vendo que a população de São Paulo está cada vez mais assustada com a péssima condição ambiental em que se encontra a Cidade.
Quando a população de São Paulo foi perguntada sobre a questão dos rios, córregos, clima e Amazônia, ela respondeu que esses não são os problemas mais importantes. Porém o problema que estamos vivendo de água na região de São Paulo é por causa do desmatamento da Amazônia.
O cientista Antonio Nobre, depois de uma pesquisa realizada junto com o INPE, mostrou que existe o fenômeno dos rios voadores. A evaporação da Amazônia, que equivale a mais de mil Itaipus, quando entra em contato com o frio dos Andes, precipita no Centro-Oeste e no Sudeste. É por isso que a região Sudeste, onde São Paulo está localizada, é uma das mais agriculturáveis do mundo, por causa do fenômeno dos rios aéreos. Então há uma relação direta de desmatamento com a escassez de chuva que estamos tendo aqui.
Se a população de São Paulo, numa pesquisa espontânea, já identifica a poluição, o lixo e a falta de saneamento como os principais problemas de São Paulo, como nós, representantes da população desta Cidade, podemos negligenciar a prioridade da questão da sustentabilidade no Plano Diretor?
Durante toda essa discussão do Plano Diretor, muitos Srs. Vereadores, muitas pessoas e muitos jornalistas inclusive, sempre colocaram a preocupação com a sustentabilidade como algo menor, como o pessoal que gosta de praça, do mico-leão-dourado ou da natureza. Não se trata mais de gostar ou não da natureza. É entender que não há civilização que não tenha um suporte ambiental estruturado e saudável. Não há cidade saudável sem um meio ambiente saudável.
O que ocorre, hoje, em São Paulo, é que ele se tornou um buraco negro que consome todos os serviços ambientais do seu entorno e não devolve nada. Temos de repensar as cidades como espaço de regeneração ambiental e como espaço de produção de serviços ambientais. Isso é urgente. E, neste momento, temos a oportunidade de dar nossa contribuição.
Portanto, Sr. Presidente, V.Exa. - que não conseguiu responder minha pergunta, não sei se porque não a ouviu ou se porque estava refletindo sobre ela, acredito que a segunda opção seja a verdadeira -, V.Exa. deve, junto com todos nós, dedicar-se a garantir que São Paulo não abra mão de 1cm do seu verde, que comprometa a Prefeitura a multiplicar os parques que temos em São Paulo, que garanta nos adensamentos o máximo de espaço de permeabilidade, que não permita nenhuma habitação, seja onde for, que não esteja nos princípios das construções sustentáveis.
No Dia Mundial do Meio Ambiente nós podemos dar a contribuição para que a maior cidade da América Latina e a terceira maior do mundo mude a sua relação com o meio ambiente, criando a possibilidade de ser uma cidade regeneradora e produtora de serviços ambientais. Está nas nossas mãos, Sr. Presidente. Muito obrigado”.
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