terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ricardo Young critica paralisação dos trabalhos devido à homenagem à Rota




O vereador Ricardo Young (PPS) criticou nesta terça-feira (3/9) a lentidão dos trabalhos na Câmara Municipal de São Paulo depois dos sucessivos adiamentos da aprovação do projeto que homenageia a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Durante seu discurso no plenário, Young justificou sua posição em relação à proposta.

“Nunca vi uma divisão tão grande entre os vereadores. A Casa está paralisada há duas semanas. Se não temos consenso sobre isso, devemos adiar a tramitação, não fazê-la passar na base da marretada”, declarou. 

“Eu votarei contra a Salva de Prata, o que não quer dizer que eu seja contra a Polícia, mas a favor da boa Polícia. Sabemos a afronta que isso significa aos direitos humanos”, disse Young, que é contra homenagear instituições públicas. 

A Salva de Parta (PDL 6/13), de autoria do vereador Paulo Telhada (PSDB), foi aprovada com 37 votos a favor, 15 contra e abstenção do vereador Ari Friedenbach, líder do PPS. Leia abaixo a íntegra do discurso de Ricardo Young:



“Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu queria alertar a Casa sobre o seguinte: estou aqui há oito meses e nunca vi uma divisão tão grande entre os Srs. Vereadores em relação a uma homenagem. Isso demonstra claramente que não há consenso na Casa para esta homenagem.

Quando nós fazemos uma homenagem aqui, Srs. Vereadores, é a Casa quem faz. É direito do Vereador propor, mas é a Casa que faz a homenagem. Como podemos fazer uma homenagem com a Casa dividida? Claramente esta Casa reflete o que existe na sociedade e a sociedade diz: não temos consenso para homenagear a ROTA. Não temos consenso.

Isso não é uma questão de defender ou de ser contra a polícia. É óbvio que a polícia é necessária, mais do que isso, é óbvio que uma polícia preparada é necessária. É óbvio também que uma polícia não pode atentar contra os direitos humanos. É óbvio também que quando a polícia atua na periferia precisa respeitar as pessoas que ali moram, não pode tratá-las como se fossem cidadãos de segunda categoria. Tudo isso é óbvio.

Agora, não temos consenso suficiente aqui para fazer uma homenagem.

A Casa está parada há duas semanas por causa disso, então não é a Casa que tem de ser forçada a chegar a um consenso, mas sim o projeto precisa ser retirado, porque está dividindo a Casa e está levantando divergências que não tínhamos antes.

Podemos superar as divergências? Talvez sim. Mas não dessa forma. Não tentando fazer passar um projeto na base da marretada. É o que está ocorrendo aqui.

Quero deixar muito claro que vou votar contra, mas o meu voto contra, nobres Vereadores Coronel Telhada, Coronel Camilo e Conte Lopes, não é um voto contra a polícia, é a favor da boa polícia. 

Como também penso que nós não podemos homenagear instituições quando cumprem a sua função. A ROTA tem de cumprir com a sua função e não pode atentar contra os direitos humanos. É evidente.

Quero fazer um apelo para Casa, da mesma forma que o nobre Vereador Coronel Telhada fez, pedindo para que vocês, na dúvida, não votem a favor, porque é a Câmara que está fazendo esta homenagem. Nós não somos obrigados a fazer. Se estamos divididos, temos de conversar mais. Temos de conseguir construir consenso, não vamos votar divididos. É isso que peço para a Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente”.

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