terça-feira, 4 de agosto de 2015

Young critica Lei que cria cargos na Câmara e propõe diálogo na questão do Uber


O vereador Ricardo Young (PPS) utilizou-se da tribuna da Câmara Municipal nesta terça-feira (4/8) e manifestou-se contrário à Lei 16.234/15, que criou 660 novos cargos de assessoria aos vereadores. 

“Votei contra está lei quando passou nesta Casa e mantenho minha posição. Como já afirmei (...), não creio que não exista trabalho, já que São Paulo é uma cidade com status de país, mas a criação de cargos em ano de véspera de eleição vai claramente colocar os vereadores com mandato em condição privilegiada em relação aos demais candidatos”, disse o parlamentar, que saudou a manifestação de diversos grupos da sociedade civil contrários à lei - com cabides pendurados nos portões da Câmara na tarde de hoje.  

Young também criticou a discussão acalorada referente à legalidade do aplicativo Uber, em discussão na Casa, que tem colocado em lados opostos taxistas e motoristas do serviço de carona compartilhada.  

“Queria lhes dizer que temas como referente ao sistema de transporte individual em São Paulo - que envolve milhares de taxistas e suas famílias, e também envolve os motoristas profissionais desempregados e envolve os novos sistemas de tecnologia que estão surgindo - não podem ser tratados de forma superficial, não podem ser tratados como se fosse um Fla X Flu”.  Segundo ele, “o tema está sendo encaminhado na Casa com a maior responsabilidade”. Leia a íntegra do discurso: 

“Sr. Presidente, Srs. Vereadores, boa tarde a todos. Gostaria de cumprimentar os taxistas aqui presentes, e os movimentos aqui representados. Pediria que aqueles taxistas que estiverem saindo, que aguardassem apenas mais cinco minutos, pois vou falar sobre eles.

Em primeiro lugar, ouvi com muita atenção a leitura feita pelo nobre Vereador Mario Covas quanto manifesto de vocês, taxistas, e acho que tal manifesto vem em boa hora. E vem em boa hora porque nós, que temos mandato, não podemos nos esquecer de que tal mandato emana dos eleitores.

Estamos vivendo um momento de grande crise da classe política, e uma crise tão grande que na última pesquisa do Instituto Nossa São Paulo, a Câmara Municipal de São Paulo e o Tribunal de Contas do Município de São Paulo foram avaliados como as piores instituições da Cidade. Eu, que estou aqui, sei que não é verdade, e não é demagogia. Esta Câmara precisa ser honrada pela qualidade dos seus funcionários, pela qualidade do corpo de Procuradores, pela qualidade dos assessores dos gabinetes, e pela qualidade de muitos dos Vereadores que estão aqui.

Nós, como Vereadores, membros da Câmara Municipal de São Paulo, precisamos nos preocupar e enviar aos eleitores e à sociedade sinais de que estamos preocupados com o dinheiro público, de que não legislamos em causa própria, de que nós não estamos aqui como empregados, pensando no emprego, mas sim a serviço dos interesses da Cidade.

Quando uma lei como essa é aprovada, entendo perfeitamente o desconforto, e eu respeito. Já dialoguei com o Sr. Presidente sobre as razões levantadas por alguns dos Líderes, mas se tudo que foi dito pelo Sr. Presidente for verdade, devemos deixar anotado para a próxima legislatura, não para a atual. Fica evidente que os gabinetes estão se beneficiando com essas circunstâncias. E o pior é que também estão se beneficiando à custa de nossos atuais assessores. Caso não haja aumento da verba de gabinete, da onde sairá recurso para pagar novos contratados? Certamente sairá do salário dos assessores que hoje estão trabalhando ou dos cargos que restarem da demissão de assessores.

Posso dizer para os Colegas Vereadores, pois tenho conversado com a Casa, de que a medida é muito antipática, é antipática internamente e também antipática para os eleitores. Reconheço que os mandatos nesta Casa possuem têm características diferentes, reconheço que as necessidades são diferentes, mas nós, Vereadores, não podemos nos aproveitar do dinheiro público para antecipar um processo eleitoral em que os que não são Vereadores, que não têm condições de contratar pessoas, vão ter concorrer conosco nas próximas eleições. E depois as pessoas se perpetuam no poder e nós não sabemos por quê!

Quero então parabenizar os movimentos aqui presentes, pois estão exercendo controle social sobre a Câmara e disso nós precisamos para poder elevar a qualidade da política aqui exercida.

O segundo ponto que quero abordar é quanto aos taxistas. Alguns de vocês estavam presentes hoje na reunião do Colégio de Líderes. Queria lhes dizer que temas como referente ao sistema de transporte individual em São Paulo - que envolve milhares de taxistas e suas famílias, e também envolve os motoristas profissionais desempregados e envolve os novos sistemas de tecnologia que estão surgindo - não podem ser tratados de forma superficial, não podem ser tratados como se fosse um Fla X Flu.  

A política já nos ensinou que apostar no conflito significa derrota para todos os lados. Pode haver uma vitória episódica, momentânea, mas, no longo prazo, a guerra é perdida.

O que está sendo questionado não é a Uber, não são os taxistas, mas um sistema que não serve mais aos interesses do usuário. Vamos fechar os olhos para os usuários? Vamos ouvir o usuário, saber o que ele está dizendo. O usuário quer sistemas de transporte público individualizados cada vez mais modernos, mais confortáveis, para poder deixar o carro em casa, que é o que precisamos – que deixem o carro em casa para usar muito mais táxi, muito mais transporte público.

Peço um pouco de paciência aos taxistas. O tema está sendo encaminhado na Casa com a maior responsabilidade. Nós temos de pensar pelo todo, não ceder a situações ocasionais ou oportunismos eleitorais ou o que for – e não estou acusando ninguém de fazer isso. A lei existe e deve ser cumprida; cobraremos do Sr. Perfeito. Esse era o recado que eu queria passar para vocês”.

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