quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Young defende-se de críticas deselegantes e diz: “a minha biografia é a meu favor”



Reconhecido pelo seu espírito democrático, transparente, e de dar visibilidade a todos os atos de seu mandato e de sua vida pública, o líder do PPS na Câmara, vereador Ricardo Young, mostrou-se profundamente incomodado com críticas deselegantes feitas a ele durante a Sessão Ordinária desta quarta-feira (5/8).

Em determinado momento, um parlamentar disse: “É um grande estresse ouvir colega falar bobagens de outros colegas. Se não está satisfeito, devolva o carro, saia fora em recesso, entregue seu salário, faça uma doação. Quem acredita que está muito além de todos os limites da Câmara Municipal de São Paulo tem de doar o salário, tem de devolver o cargo, tem de sair do tempo de descanso do recesso (...)” – em respeito ao voto contrário de Young durante a sessão que aprovou a lei que criou 12 cargos para cada vereador na Casa. Em seguida, disparou mais impropérios: 

“(...) ou assiste à muita novela, ou quer aparecer ou é mergulhador de águas turvas. Apesar de termos questões decididas entre nós, há colegas que depois começam a aparecer nas rádios, na televisão falando bobagens (...) há pessoas que nem deveriam estar aqui (...) deveriam estar lá passeando, tomando banho de sol. Agora vêm aqui querendo aparecer. Aliás, são mergulhadores, sim. Inclusive querem aparecer com questões da nossa área, como a ilegalidade, dessa empresa fantasma, doente, a Uber...” – sobre Young promover na próxima segunda (10/8) um amplo e democrático debate sobre a questão Uber/Taxistas. 

Diante das “indiretas”, Ricardo Young pediu um comunicado de Liderança para afirmar, sem receio: “se alguém tentou usar a minha biografia contra mim, quero dizer que ela é a meu favor. A minha biografia é a meu favor”, disse.

“O mesmo acontece quanto à contratação de mais pessoas para os gabinetes. Eu não concordo. Talvez alguns precisem de mais assessores, talvez isso seja legítimo porque o tipo de mandato de V.Exas. seja mais territorial. Cada um tem suas motivações, mas eu não concordo. E o fato de manifestar a minha não concordância com essa decisão não significa que eu esteja fazendo mais ou menos pela Casa. Significa apenas uma coisa: eu defendo a transparência no exercício do cargo público! Eu defendo a condição que qualquer parlamentar tem de defender as suas posições de peito aberto na rua!”. Leia abaixo a íntegra do discurso do líder do PPS. 

“Sra. Presidente, nobre Vereadora Edir Sales, demais colegas Vereadores, quero usar o comunicado de liderança para dizer que eu soube que se referiram a mim, em relação às posições que tenho tomado aqui na Câmara Municipal.

Acho que o mínimo que devo fazer é prestar contas do meu mandato para o meu eleitor e para os colegas Vereadores.

Há Vereadores, colegas – e não discuto suas motivações, suas razões -, que acham que são donos de algumas causas. Acho que é até razoável que se identifiquem com causas que tenham sido históricas em suas vidas, mas nem eu sou dono nem qualquer Vereador pode ser dono de qualquer causa. Se fomos eleitos para cuidar da Cidade, as causas são de todos nós, são da Cidade, causas como a dos taxistas, da Uber; causas como transporte e mobilidade são de todos.

Nenhum de nós tem o direito de atropelar qualquer um dos nossos colegas, dizendo que o que tem que ser discutido já foi discutido. Eu militei contra a ditadura, lutei contra ela e sei o que é não ter possibilidade de manifestar sua opinião. Hoje vivemos num regime democrático pleno, o que aumenta a nossa responsabilidade porque mais transparentes temos que ser; mais responsáveis pelas nossas decisões temos que ser; mais prestação de contas à imprensa e à população temos que fazer; e sempre cuidando para não usar nossas posições para nos promovermos politicamente nem para fazermos qualquer tipo de demagogia. Nós temos a responsabilidade de discutir as questões de São Paulo.

E quando peço três audiências públicas para que se discuta a mobilidade do transporte individual em São Paulo – o mundo inteiro está discutindo essa questão, a modernização do sistema de táxis e do transporte individual -, em nome do que nós não vamos discutir? Não só respeito os taxistas. Quero dizer que tenho ido ao Sindicato, e que eles são os principais interessados na revisão desse sistema.

Então não há ninguém aqui com autoridade, ninguém, tenha o número de mandatos que tiver, para tentar obscurecer a discussão democrática, para tentar atropelar seja quem for dos colegas Vereadores no direito que têm e que a população de São Paulo tem de discutir uma questão tão importante quanto o sistema individual de transportes.

Se alguém tentou usar a minha biografia contra mim, quero dizer que ela é a meu favor. A minha biografia é a meu favor. Tenho um livro chamado Nunca na Solidão, que foi escrito sobre a minha vida. Leiam o livro. E, ao contrário, acho que minha biografia me baliza o mínimo suficiente para que o eleitor tenha dado a mim a condição de estar aqui para representá-lo e para exigir que discutamos o que é do interesse público nesta Casa.

O mesmo acontece quanto à contratação de mais pessoas para os gabinetes. Eu não concordo. Talvez alguns de V.Exas. precisem de mais assessores, talvez isso seja legítimo porque o tipo de mandato de V.Exas. seja mais territorial. Cada um tem suas motivações, mas eu não concordo. E o fato de manifestar a minha não concordância com essa decisão não significa que eu esteja fazendo mais ou menos pela Casa. Significa apenas uma coisa: eu defendo a transparência no exercício do cargo público! Eu defendo a condição que qualquer parlamentar tem de defender as suas posições de peito aberto na rua!

Quem não tem condições de defender suas posições na rua não vote, não assuma uma posição. Como podemos querer exercer um mandato público e não sermos absolutamente transparentes em relação às decisões que tomamos aqui? O que é isso? Nós queremos um país melhor ou não? Lutamos anos contra a ditadura ou não?

Então é inadmissível que qualquer colega Vereador me critique por eu defender as posições que defendo aqui, que eu fale publicamente sobre as minhas posições e as defenda publicamente. Se foi entrevistado pela rádio “a”, pelo jornal “b”, não me interessa. A mídia faz o seu trabalho. Se eles me convidam para falar sobre qualquer coisa, falarei. Falarei e procuro pautar o meu mandato aqui da mesma forma com que um mandato aqui, da mesma forma do que antes de ter mandato, eu criticava e esperava que os Srs. Parlamentares ou o Sr. Parlamentar representassem o meu voto.

Então, Sra. Presidente, V.Exa. me desculpe a contundência e o entusiasmo, mas temos de parar com a hipocrisia. Temos de assumir que somos pessoas públicas investidas de mandato. O poder não emana da nossa condição pessoal. O poder e a investidura que temos aqui são públicos. Prestamos contas e devemos a prestação de contas aos nossos eleitores.

Critiquem-me pelas minhas posições, debatam comigo minhas posições, tentem me convencer de que estou errado, mas criticar-me por querer ser transparente e ser transparente, por defender publicamente as minhas posições e esperar que esta Casa seja o espaço mais democrático que podemos ter na política, eu lamento.

Ninguém tem o direito de fazer esse tipo de crítica. Agradeço a paciência, Sra. Presidente. Muito obrigado”.

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