terça-feira, 10 de março de 2015

Young: “Estamos fazendo um apelo ao setor privado pra que exerça sua cidadania empresarial”


Durante reunião da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade no último dia 9 de março, o vereador Ricardo Young (PPS) pediu “cidadania empresarial” às construtoras donas do terreno do Parque Augusta. O parlamentar pediu a doação onerosa da áerea para a municipalidade. Confira a íntegra:

“A questão do Parque Augusta é emblemática, não só porque é um espaço vital pela questão ambiental, mas também porque coloca em cheque a política de ocupação imobiliária na cidade. É uma questão que tem colocado em cheque a transparência e o grau de diálogo político que as partes envolvidas estão dispostas a fazer. A Frente Parlamentar pela Sustentabilidade tem, há pelo menos um ano e meio, procurado promover diversos momentos em seminários, em audiências públicas e conversas com o Ministério Público, a aproximação das partes. Nós procuramos demonstrar que o processo de se criar condições de uma solução coletiva seria o melhor nesse caso. Mas, ficamos surpresos, depois de diversas tentativas, em ver que as construtoras resolveram o seu problema diretamente com a Prefeitura. Não ouvindo a sociedade civil organizada, não ouvindo esta Casa, não ouvindo as diversas forças e os diversos grupos que estão envolvidos na questão do Parque Augusta.

Existe aqui eminentemente uma questão do interesse privado contrastando com o interesse público. Se, eventualmente, o interesse privado pudesse prestar um serviço público, o interesse privado poderia até ser parte da solução, mas o que ocorreu aqui é que o interesse privado não ouviu o interesse público e insiste em soluções no campo legal, e de uma legalidade possivelmente questionada, e feita diretamente com o Executivo. Temos aqui representantes do Executivo e eles sabem, como os senhores e as senhoras sabem, e como nós sabemos, que traçar uma solução obedecendo apenas o interesse privado e de lucro das empreiteiras naquele espaço não é mais possível!

A cidade já vem se afundando e padecendo sistematicamente de políticas equivocadas sobre o meio ambiente. Nós temos situações de parques que estão, inclusive no Plano Diretor Estratégico (PDE), mas não estão sendo implantados. Temos situações de áreas de mananciais que estão sendo ocupadas sistematicamente, onde a população legitimamente defende as áreas verdes e mananciais, como citado o Parque dos Búfalos, onde de novo o interesse imobiliário que está prevalecendo. Vivemos uma crise hídrica, a maior de todos os tempos. O que é necessário mais se dizer que esta cidade não suporta mais nenhuma agressão contra ao meio ambiente?

O que mais é necessário, que evidências mais nós precisamos para aprender que esta cidade, se não forem regenerados os serviços ambientais mínimos, vai entrar em colapso?

O Parque Augusta é simbólico nisso. Não é apenas uma área verde! É uma área que expressa o quão debilitado tem sido a atenção da sociedade, do poder público e do setor econômico com a questão ambiental na cidade. Então, essa solicitação que nós fizemos, ao contrário do que pode parecer, não é uma solicitação de doação apenas. Nós estamos propondo uma doação que pode inclusive ser negociada com a Prefeitura na questão da doação onerosa, pois existem recursos que possibilitam alguma indenização justa. Mas, o mais importante disso é que nós estamos fazendo um apelo ao setor privado pra que exerça sua cidadania empresarial dentro dos princípios da responsabilidade social e contribua para que esta cidade seja um pouco mais viável ambientalmente. Não precisamos dizer o quanto a Cyrella e a Setin tem feito de bom pra esta cidade. Precisamos dizer qual o patrimônio líquido que estas empresas têm? Não precisamos dizer que esta cidade tem sido generosa com o setor imobiliário. É hora de o setor imobiliário resgatar a contrapartida. Então, quando o Ministério Público, quando a Câmara Municipal, quando os representantes da Prefeitura aqui estão fazendo esse apelo é porque chegou-se ao limite da tolerância da indiferença do setor imobiliário para com a cidade.

No melhor espírito construtivo, nós estamos fazendo essa proposta e alertando tanto ao setor imobiliário como a população em geral que, a persistir no descaso com o meio ambiente da cidade de São Paulo, a nossa situação vai chegar para além do colapso. Nós estamos aqui, diante de um caso emblemático, e nós temos que olhar para esse caso emblemático e respeitá-lo como uma possibilidade de revertermos esse descaso e começarmos a construir a regeneração ambiental na cidade. Muito obrigado!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário