terça-feira, 1 de abril de 2014

Young critica professor da USP que defendeu Golpe de 64

O vereador e líder do PPS, vereador Ricardo Young, criticou na sessão ordinária desta terça-feira (1/4) com veemência o discurso do professor da Escola de Direito da USP, Eduardo Gualazzi, que defendeu o Golpe de 64 aos seus alunos. “É inadmissível que o professor use do espaço de uma escola pública e democrática para fazer proselitismo da ditadura”, disse. Veja abaixo a íntegra do discurso:

“Presidente, como disse o nobre Vereador Gilberto Natalini, hoje é um dia que não podemos deixar passar em branco. O dia primeiro de abril é o verdadeiro dia do Golpe Militar de 64.

Muito tem se falado sobre o Golpe Militar. Os jornais têm trazido esse tema, há várias reuniões e palestras, movimentos têm saído às ruas. E podemos ter a impressão de que o fantasma da Ditadura está definitivamente afastado. Eis que hoje, na Folha de São Paulo, o Professor da USP, pasmem, da Escola de Direito da USP, aqui no Largo São Francisco, o Professor Eduardo Gualazzi abre a aula com discurso intitulado “Continência à 64”, no qual faz uma defesa explícita do Golpe Militar de 64, não daquele só, mas de uma solução de ditadura para o País.

Por incrível que pareça, e acho que o nobre Vereador Natalini colocou essa posição aqui, por mais complicado que seja construirmos a democracia no Brasil, ela é de longe um regime infinitamente melhor do que qualquer regime autoritário.

Tenho 57 anos e 21 desses anos foram vividos na ditadura. A injustiça, o arbítrio, a violência de uma ditadura é algo que a geração presente não conhece. Esta geração acredita que a disfunção e o sacrifício da democracia podem justificar um regime de força. Mas não pode. Não pode nunca.

Esse professor foi retirado da sala de aula pelos alunos. Eles se revoltaram e tiraram o professor da sala de aula porque é inadmissível que o professor use do espaço de uma escola pública e democrática para fazer proselitismo da ditadura.

Recentemente, houve um filme sobre a filósofa alemã Hannah Arendt que acompanhou o julgamento do Eichmann em Jerusalém. Ele foi um conhecido nazista que operava o sistema de morte em massa dos judeus durante a II Guerra. Depois de ter acompanhado esse julgamento, essa filosofa escreve um livro e fala de um tema que é muito importante nos dias de hoje: a banalização do mal.

Quando uma sociedade se ergue sobre a injustiça, quando não há recursos para o cidadão, quando não há diálogo e a resposta para toda e qualquer oposição é a força, o mal começa a ser visto como algo banal e o Estado começa a praticá-lo de forma impune, totalmente cega, inconsciente. Em nome dessas causas totalitárias a humanidade conheceu os piores assassinatos, o Holocausto e assim por diante.

Por isso também quero saudar todos os que estão na galeria, os movimentos da Nossa Senhora do Sabará, da Nazaré, da João Nery, que estão exercendo a democracia, o seu direito de dialogar com o governo, o direito de se fazer representar, e estão através do diálogo - pacificamente e de forma organizada - construindo alternativas para que a Cidade seja melhor e eles não tenham de ser os únicos sacrificados no processo.

Portanto, conclamo os Srs. Vereadores, e agora na pessoa do Líder do Governo Tatto, que quando formos votar os corredores, em segunda, possamos inserir na legislação emendas que façam justiça àqueles que eventualmente serão desapropriados e que eles não sejam desapropriados pelo valor venal e que sejam justamente indenizados pelo sacrifício que estão fazendo em nome da Cidade. Muito obrigado, Sr. Presidente”.

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