O silêncio no plenário durou todo o discurso e mais alguns segundos depois de o vereador Ricardo Young (PPS) chamar atenção para a greve dos funcionários do transporte público. Ele alertou que ela pode iniciar o caos, caso PT e PSDB não se responsabilizem pela cidade e pelo estado que respectivamente administram.
Confira a íntegra do discurso realizado na quarta-feira (22/5).
“Sr. Presidente, infelizmente, quando o Pequeno Expediente da sessão ordinária foi derrubado, nós interrompemos um debate extremamente importante para a cidade, que é a crise nos transportes. Aliás, uma crise que prenuncia outras que teremos.
Mas queria descrever aos nobres Vereadores Paulo Fiorilo e Arselino Tato uma sensação estranha, a qual fui hoje acometido. Ninguém acreditava que a Operação Braços Abertos daria certo. Todos do Governo Haddad acharam que essa operação seria a menos importante. Pois bem, fizemos uma audiência pública onde, pasmem, todos os secretários ou representantes adjuntos estavam presentes nessa discussão com a sociedade sobre a importância e o peso emblemático que a Operação Braços Abertos representa, não só para São Paulo como também para outras cidades. Está aí uma surpresa: um projeto que o Prefeito tem muito caro para si, mas nem oposição nem situação deram nenhuma bola. No entanto, está dando certo.
Por outro lado, nunca teríamos de nos preocupar com a situação do Transporte na cidade de São Paulo, pois, desde a CPI, ficou claro que se o PT tem controle sobre alguma coisa nesta cidade é sobre os transportes. Conseguiu fazer, nesta Casa, uma CPI que nada apurou; conseguiu fazer uma CPI que bloqueou toda e qualquer possibilidade de se discutir seja com sindicatos ou com donos de empresas concessionárias. A CPI terminou de forma lacônica – e eu lamento, nobre Vereador Paulo Fiorilo, pois a sua condução ao menos foi correto -, e deixou claro que ninguém discute Transporte em São Paulo, pois o PT comanda, comanda os eixos, comanda as concessões e as licitações.
Eu participei por mais de um ano da Comissão de Transportes e posso dizer que qualquer tema que pudesse confrontar o Governo naquela comissão, era complicado!
No entanto, o que acontece? Estamos diante de uma situação em que o Prefeito não reconhece a sua responsabilidade, diz não saber o que iria acontecer. O Secretário dos Transportes, numa fala ontem, disse que é problema entre patrões e trabalhadores, que ele, como Secretário do Partido dos Trabalhadores, não tem nada a ver com os trabalhadores. E como Secretário dos Transportes, não tem nada a ver com as empresas de ônibus. Portanto, eles que se resolvam. Aí ouvimos nesta Casa que nem sindicatos, nem as concessionárias, nem os secretários são responsáveis! Dizem, são manifestantes desorganizados, assumindo o controle de uma cidade caótica. Portanto, o problema é do Governo do Estado! Aí os representantes do Governo do Estado afirmam que a responsabilidade não é deles, que é da Prefeitura!
Senhores, a situação é absolutamente surreal! O Governo dos trabalhadores não tem nada a ver com os trabalhadores; o Secretário dos Transportes não tem nada a ver com a crise nos transportes; o Prefeito foi pego de surpresa e o Governador, que deveria zelar pela Segurança Pública, não zela.
Então, certos estão os manifestantes, não é, Sr. Presidente? Estão tomando com as próprias mãos a injustiça que acreditam que o sindicato fez ao celebrar o acordo salarial, anteontem.
Não preciso lhes dizer que não vou fazer alarmismo, mas não preciso dizer também que se o PT e o PSDB ficarem usando seu tempo para acusações, entre si, e não reconhecerem que os destinos desta cidade e deste Estado estão nas mãos dos seus partidos, nós viveremos o caos! E não reclamem quando das eleições. Vamos viver numa cidade que já vive o desgoverno e num Estado que está desgovernado.
Portanto, faço um apelo ao PT e ao PSDB: façam o mínimo de esforço para conduzir políticas públicas que vão propiciar uma travessia nesse período da Copa que possa garantir ao cidadão paulistano e paulista o mínimo de tranquilidade. A situação é grave, e não é partidária. Por favor, é hora de se tomar juízo. Obrigado, Sr. Presidente".
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