quinta-feira, 22 de maio de 2014

Young questiona transparência da ONG Brasil Gigante



“Não podemos confundir o sucesso da operação ‘Braços Abertos’ com uma redução do combate ao tráfico de droga”, criticou o vereador Ricardo Young (PPS) nesta quarta-feira (21/5) durante audiência pública da Comissão de Saúde da Câmara Municipal sobre a operação municipal, executada desde o início deste ano pela Prefeitura. 

O vereador também pediu transparência na gestão do programa, que é feita pela ONG ‘Brasil Gigante’. “Nas três vezes que fui visitar a operação não encontrei nenhuma pessoa na sede da ONG. É a parte opaca de um programa que é um sucesso até aqui e deve continuar”, frisou.

Young acompanha a situação da cracolândia desde o início do mandato, quando estreou a série mensal de rodas de conversa ‘Segundas Paulistanas’ com o tema. Naquela ocasião, o público do evento se engajou junto ao vereador na criação do GT Vulnerabilidade Social e Dependência Química, que reúne membros da sociedade civil organizada em torno do tema e acompanha o grupo do Executivo para a ‘Braços Abertos’. Entre os elogios à “articulação transversal entre 13 secretarias”, as visitas ao programa da Prefeitura levaram a uma nova questão: como e por que a ONG ‘Brasil Gigante’ gere essa operação? 

“Estou aqui com os termos do contrato da prefeitura e existe uma série de exigências que em nenhum momento foram levantadas, inclusive o projeto ‘Futuro Brilhante’ que a ‘Brasil Gigante’ viria a desenvolver, assim como capacitação e inclusão, prestação de contas, gestão das constas e assim por diante”, questionou Young, que já havia enviado as perguntas por ofício para a ONG e não obteve respostas. Na audiência, o vereador foi convidado para agendar uma visita à sede da ‘Brasil Gigante’.

E o tráfico? 

O vereador também pontuou que a transversalidade não pode se limitar à competência municipal. De forma suprapartidária, segundo ele, seria preciso estabelecer parcerias com o governo estadual para tratar o assunto também no âmbito da segurança pública. 
“O tráfico é hoje uma das economias mais prósperas, que contamina todos os setores da sociedade, inclusive governos, sindicatos e associações. Portanto, o combate também deve ser tratado de forma transversal”, explicou. Ele ilustrou essa necessidade contando sobre suas visitas à região da cracolândia. “Diversas vezes percebemos o traficante caminhando de braços dados com o usuário e a Guarda Civil do lado. Não que ela estivesse sendo omissa, mas faltam orientações objetivas e parâmetros para que a segurança aja de forma preventiva em relação ao tráfico na região.” 

Reivindicações 

Depois das manifestações dos responsáveis pela execução do programa, apenas três membros da sociedade civil tiveram chance de se pronunciar. A representante do Movimento Nacional Antiproibicionista, Andreza Almeida, sugeriu que o foco do tratamento fosse desviado “da droga para o indivíduo”. Já Robson Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua, alertou sobre a falta de banheiros públicos na cidade. “Um caso sério de saúde”, destacou. Do Conselho de Desenvolvimento Sustentável de Guaianases, Valdir Moura reivindicou a descentralização da política, que não atende aos usuários deslocados para as periferias. 

As interrogações sobre a renovação e as melhorias da operação permanecem em aberto e uma próxima audiência pública já foi convocada para que a sociedade civil possa ser ouvida: será dia 11 de junho, às 13h, na Câmara Municipal.

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