quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Trabalhadores de telemarketing denunciam Covisa


Sítio da Câmara Municipal

Técnicos da Vigilância em Saúde do Trabalhador, uma das gerências da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), não fiscalizam as empresas de telemarketing para verificar as condições do ambiente e de trabalho dos funcionários. A queixa foi feita nesta terça-feira (24/8) pelo diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing (Sintratel), Alberto Rodrigo de Paiva, aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar e apurar eventual deficiência no desempenho das competências outorgadas à Covisa.

“A Covisa ainda deixa muito a desejar, apesar de um quadro de técnicos extremamente competentes, mas que é ainda muito pequeno perto das necessidades da cidade de São Paulo. E é pouco instrumentalizada”, criticou o vereador Paulo Frange (PTB), vice-presidente da CPI. “Ontem, recebemos a denúncia de que não havia veículos para transportar os funcionários da fiscalização”.

O parlamentar destacou que na cidade de São Paulo existem 100 mil trabalhadores na área de telemarketing. “Um trabalho com jornada de seis horas e 20 minutos de almoço, que beira muito a escravidão devido à falta de condições mínimas de trabalho”.

Bolachas e doces no almoço

Paulo Frange revelou que existem estudos apontando que 70% dos trabalhadores em telemarketing sofrem de dores lombares. “O nível de ansiedade é muito acima da média, pois as condições precárias de trabalho levam ao aumento de peso, já que existe pouco tempo para almoçar. Os trabalhadores se alimentam com bolachas, doces, salgadinhos e biscoitos, apresentando hipertensão arterial, insônia e nível de irritabilidade muito grande”, disse o parlamentar, que completou:

“Nos locais de trabalho falta banheiro, falta espaço para se alimentar. Os trabalhadores não andam durante o período e, portanto, acumulam liquido nas pernas. Se forem mais velhos há o risco de terem uma trombose e, nos jovens, há o risco de edemas. As funcionárias atendem a cada 30 segundos um telefonema, o que provoca uma intermitência de ruídos. O nível de estresse é muito alto.”

TAC

Com o objetivo de reduzir os problemas enfrentados pelos trabalhadores, Paulo Frange sugeriu que a CPI faça uma sessão única, com a participação de representantes do Ministério Público, da Delegacia Regional do Trabalho, da Fundacentro, da Covisa, do sindicato patronal e do sindicato dos funcionários. “Vamos ouvir todos e, depois, propor ao Ministério Público a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), com prazo determinado, de melhoria das condições de trabalho”.

Verba congelada

Na opinião do vereador Jamil Murad (PCdoB), o mais grave é que existem recursos, mas o governo municipal os congela, não os utilizando. “A verba é congelada por orientação do governo municipal e o secretário de Saúde concorda”, disse.

O vereador lembrou que, no início da CPI, a responsável de Finanças da Covisa informou que havia congelamento das verbas, mas que os recursos seriam liberados no decorrer das necessidades.

Murad explicou que a Covisa recebe recursos do governo federal por meio do Ministério da Saúde, do governo municipal e do estadual. “A verba destinada pelo governo estadual, nos últimos três anos, foi de R$ 550 mil, o que dá R$ 185 mil por ano. Poderia ser maior, mas ficou congelada durante esse período. Como os recursos não foram utilizados acabaram sendo cancelados. Acho uma irresponsabilidade.”

Participaram da reunião os seguintes vereadores Paulo Frange (PTB), Sandra Tadeu (DEM), Milton Ferreira (PPS), José Ferreira Zelão (PT), Natalini (PSDB), Noemi Nonato (PSB) e Jamil Murad (PCdoB).

Um comentário:

  1. Fiscalizar as condições de trabalho é mais uma tarefa do sindicatos do que propriamente da Covisa.

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