Na sessão ordinária desta quarta-feira (21/3), o vereador Professor Claudio Fonseca (PPS) abordou a questão da mobilidade urbana na cidade de São Paulo. O parlamentar defendeu a reorganização da cidade e uma maior integração entre os diferentes modais como soluções para o caos do trânsito na cidade. Veja acima a íntegra do discurso.
"Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, telespectadores da TV Câmara São Paulo, público presente na galeria e aqueles que leem o Diário Oficial, boa tarde.
Às quintas-feiras o PPS tem realizado encontros temáticos para debater a Cidade. Na última quinta-feira fizemos uma discussão sobre trânsito, transporte e mobilidade, olhando a Cidade real sob a perspectiva da solução de problemas que às vezes parecem insolúveis, e também analisando aquilo que se coloca no campo da utopia.
Nós afirmamos que é utopia pensar uma cidade de São Paulo ideal, protegida do caos do trânsito, onde seja possível ir a pé para o trabalho e voltar para almoçar em casa. No entanto é possível pensar numa São Paulo onde as pessoas não tenham tanta necessidade de se movimentar dentro de automóveis.
O primeiro passo - e alguns passos já foram dados, mesmo que haja interrupções - foi a aprovação do chamado Plano Diretor da Cidade de São Paulo, que introduziu as chamadas Zonas Mistas - residenciais, de comércio e serviços -, promovendo o desenvolvimento dos centros de bairros para evitar que as pessoas tenham de fazer grandes deslocamentos para se dirigir trabalho, às atividades comerciais, às atividades de serviços no geral. Então, o Plano Diretor apontava para as Zonas Mistas com a possibilidade inclusive de dar mais mobilidade na cidade de São Paulo, menores deslocamentos e empregos mais próximos das moradias.
Para que essa intervenção das Zonas Mistas possa ser completa é preciso reconhecer que há hoje um número cada vez maior de veículos trafegando. São 30 mil novos veículos por mês, 360 mil veículos por ano, numa frota que já se aproxima de 7 milhões, num espaço territorial de 1.514 quilômetros quadrados, com uma população de 11,4 milhões de habitantes; deslocamentos por metrô são quase 4 milhões; a EMTU também com 2,8 milhões de deslocamentos. É uma cidade, um país que se desloca diariamente de um canto para outro. O crescimento da frota vai estrangulando as vias e, mesmo com o alargamento de pistas, o automóvel ocupa o espaço que lhe é oferecido, porque a frota é crescente.
Nós temos de, além de criar as Zonas Mistas, repovoar a região central da Cidade, readequar a malha ferroviária, estabelecer núcleos de serviços na periferia, criar ciclovias e caminhos que levem aos parques e áreas verdes. Essa é uma das formas também de reter parte da circulação das pessoas. É preciso fazer um sistema de transporte integrado inclusive de vias de acesso, também através de ciclovias que ligam uma área verde a outra, um parque a outro.
As soluções de caráter estrutural para o transporte da Cidade passam também por uma visão geral de toda a região metropolitana. Hoje está esgotado o modelo rodoviarista que prioriza o transporte individual. A cidade de São Paulo, do ponto de vista da sua mobilidade, entrou em colapso. É necessário ampliar, de forma acelerada, a oferta de alternativas aos carros, de modo a encurtar as viagens e evitar grandes deslocamentos.
Creio que a solução não seja exatamente cobrar taxa para chegar no centro da Cidade de São Paulo. Por um lado há um estímulo à indústria automobilística, dando incentivos fiscais para as indústrias venderem mais automóveis; por outro se propõe o pedágio urbano. Creio que essa não é a solução.
É preciso concluir, por exemplo, o Rodoanel e tirar aproximadamente 5 mil caminhões que hoje circulam diariamente no centro expandido da Cidade - mesmo agora, com a restrição dos horários, são 5 mil caminhões que circulam. É necessário dobrar a média de ampliação da malha metroviária, que hoje é de 2,5 quilômetros por ano, para 5 quilômetros, pelo menos até 2014, somando mais 20 quilômetros da malha metroviária aos 70 quilômetros existentes. É necessário ampliar a malha ferroviária da região metropolitana que possui, hoje, 270 quilômetros. Fala-se muito que a malha metroviária tem 70 quilômetros, mas são 270 quilômetros na região metropolitana, dos quais 134 quilômetros estão dentro da cidade de São Paulo. A integração do sistema, com a instituição do Bilhete Único em toda a malha metroferroviária, foi um avanço considerável, mas é preciso tomar medidas para diminuir as necessidades de circulação.
Assim como as linhas municipais em circulação na Cidade, as linhas intermunicipais também foram criadas para responder às necessidades da demanda crescente e às pressões de grupos operadores do sistema - sem, entretanto, estarem interligadas a uma ordenação geral do transporte metropolitano.
Mais que fazer críticas a um ou a outro Governo, creio que todos nós Vereadores deveríamos ter medidas propositivas de solução de problemas para diminuir o sofrimento da população e não ficarmos, simplesmente, acusando quem já foi Governo, quem se propõe a ser, aquele que passou de situação a oposição, apontando seus defeitos sem indicar soluções, porque a população não pode esperar.
Dessa forma me posicionarei, regiamente, nesta tribuna, para apontar os problemas da Cidade, mas, também, buscar soluções - dever de todos nós. Sr. Presidente, muito obrigado".
"Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, telespectadores da TV Câmara São Paulo, público presente na galeria e aqueles que leem o Diário Oficial, boa tarde.
Às quintas-feiras o PPS tem realizado encontros temáticos para debater a Cidade. Na última quinta-feira fizemos uma discussão sobre trânsito, transporte e mobilidade, olhando a Cidade real sob a perspectiva da solução de problemas que às vezes parecem insolúveis, e também analisando aquilo que se coloca no campo da utopia.
Nós afirmamos que é utopia pensar uma cidade de São Paulo ideal, protegida do caos do trânsito, onde seja possível ir a pé para o trabalho e voltar para almoçar em casa. No entanto é possível pensar numa São Paulo onde as pessoas não tenham tanta necessidade de se movimentar dentro de automóveis.
O primeiro passo - e alguns passos já foram dados, mesmo que haja interrupções - foi a aprovação do chamado Plano Diretor da Cidade de São Paulo, que introduziu as chamadas Zonas Mistas - residenciais, de comércio e serviços -, promovendo o desenvolvimento dos centros de bairros para evitar que as pessoas tenham de fazer grandes deslocamentos para se dirigir trabalho, às atividades comerciais, às atividades de serviços no geral. Então, o Plano Diretor apontava para as Zonas Mistas com a possibilidade inclusive de dar mais mobilidade na cidade de São Paulo, menores deslocamentos e empregos mais próximos das moradias.
Para que essa intervenção das Zonas Mistas possa ser completa é preciso reconhecer que há hoje um número cada vez maior de veículos trafegando. São 30 mil novos veículos por mês, 360 mil veículos por ano, numa frota que já se aproxima de 7 milhões, num espaço territorial de 1.514 quilômetros quadrados, com uma população de 11,4 milhões de habitantes; deslocamentos por metrô são quase 4 milhões; a EMTU também com 2,8 milhões de deslocamentos. É uma cidade, um país que se desloca diariamente de um canto para outro. O crescimento da frota vai estrangulando as vias e, mesmo com o alargamento de pistas, o automóvel ocupa o espaço que lhe é oferecido, porque a frota é crescente.
Nós temos de, além de criar as Zonas Mistas, repovoar a região central da Cidade, readequar a malha ferroviária, estabelecer núcleos de serviços na periferia, criar ciclovias e caminhos que levem aos parques e áreas verdes. Essa é uma das formas também de reter parte da circulação das pessoas. É preciso fazer um sistema de transporte integrado inclusive de vias de acesso, também através de ciclovias que ligam uma área verde a outra, um parque a outro.
As soluções de caráter estrutural para o transporte da Cidade passam também por uma visão geral de toda a região metropolitana. Hoje está esgotado o modelo rodoviarista que prioriza o transporte individual. A cidade de São Paulo, do ponto de vista da sua mobilidade, entrou em colapso. É necessário ampliar, de forma acelerada, a oferta de alternativas aos carros, de modo a encurtar as viagens e evitar grandes deslocamentos.
Creio que a solução não seja exatamente cobrar taxa para chegar no centro da Cidade de São Paulo. Por um lado há um estímulo à indústria automobilística, dando incentivos fiscais para as indústrias venderem mais automóveis; por outro se propõe o pedágio urbano. Creio que essa não é a solução.
É preciso concluir, por exemplo, o Rodoanel e tirar aproximadamente 5 mil caminhões que hoje circulam diariamente no centro expandido da Cidade - mesmo agora, com a restrição dos horários, são 5 mil caminhões que circulam. É necessário dobrar a média de ampliação da malha metroviária, que hoje é de 2,5 quilômetros por ano, para 5 quilômetros, pelo menos até 2014, somando mais 20 quilômetros da malha metroviária aos 70 quilômetros existentes. É necessário ampliar a malha ferroviária da região metropolitana que possui, hoje, 270 quilômetros. Fala-se muito que a malha metroviária tem 70 quilômetros, mas são 270 quilômetros na região metropolitana, dos quais 134 quilômetros estão dentro da cidade de São Paulo. A integração do sistema, com a instituição do Bilhete Único em toda a malha metroferroviária, foi um avanço considerável, mas é preciso tomar medidas para diminuir as necessidades de circulação.
Assim como as linhas municipais em circulação na Cidade, as linhas intermunicipais também foram criadas para responder às necessidades da demanda crescente e às pressões de grupos operadores do sistema - sem, entretanto, estarem interligadas a uma ordenação geral do transporte metropolitano.
Mais que fazer críticas a um ou a outro Governo, creio que todos nós Vereadores deveríamos ter medidas propositivas de solução de problemas para diminuir o sofrimento da população e não ficarmos, simplesmente, acusando quem já foi Governo, quem se propõe a ser, aquele que passou de situação a oposição, apontando seus defeitos sem indicar soluções, porque a população não pode esperar.
Dessa forma me posicionarei, regiamente, nesta tribuna, para apontar os problemas da Cidade, mas, também, buscar soluções - dever de todos nós. Sr. Presidente, muito obrigado".
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