terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ativismo digital vai mudar a cara da política, diz pesquisador


Câmara Municipal
Foto - Luiz França / CMSP

Um novo meio de comunicação que mudou a forma das pessoas se relacionarem e, consequentemente, sacudiu o mundo político pouco tempo depois. É assim que o jornalista e professor da UFRJ Carlos Nepumoceno descreve a invenção da prensa de tipos móveis por Gutemberg, no século XV. E também a criação da internet, no final do século XX. Para o pesquisador, há muito mais em comum entre as duas épocas do que parece.

Segundo Nepumoceno, que participou por teleconferência do debate “Olhares sobre uma sociedade em transição”, realizado na Câmara nesta segunda (5/8), as duas invenções formaram gerações com maneira de processar e compartilhar informações totalmente diferentes das precedentes.

E essas mudanças repercutiram na política. A invenção de Gutemberg teve um papel crucial no surgimento da Reforma e na queda das monarquias europeias alguns séculos depois. E as manifestações de junho no Brasil, assim como a Primavera Árabe e o Occupy Wall Street, podem ser os primeiros sinais de revolta contra a política tradicional, “analógica”.

"A representação que eles [os ativistas] construíram na rede é uma outra representação, que não permite que eles sejam dominados pelo modelo passado", declarou o jornalista. "Esse novo modelo vai ser baseado em uma comunicação algorítmica, que consegue trabalhar com uma grande quantidade de dados."

Já o vereador Ricardo Young (PPS), que organizou o tradicional "Segundas Paulistanas", acredita que ainda é cedo para delinear o caráter e a profundidade das mudanças, mas considera urgente criar pontes para que os manifestantes se aproximem dos “canais tradicionais” da política.

“O grande desafio hoje é descobrir como a política partidária tradicional pode se articular e dialogar de forma legítima com esses movimentos. Porque os movimentos não reconhecem os partidos como espaço de fazer política”, afirma Young.

Encubadora de movimentos sociais

Uma das experiências inovadoras debatidas durante o evento é a da Purpose, que pretende ser uma “encubadora de movimentos sociais”. “Nós ajudamos a moldar o movimento social. Desde sua análise estratégica, a forma que ele vai se organizar, o tipo de campanha que ele vai desenvolver”, explica Renato Guimarães, coordenador de estratégia da organização.

A ideia é que, com a ajuda e a formação recebida, o movimento ganhe força e autonomia para caminhar sozinho no médio prazo. Um exemplo de projeto “encubado” pela Purpose é o movimento Meu Rio, cujo objetivo é aproximar o cidadão comum da construção de políticas públicas.

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