Gastos elevados para a realização da Copa do Mundo de 2014. Esse foi o tema do vereador e líder do PPS, Professor Claudio Fonseca, durante o Pequeno Expediente da Câmara Municipal nesta quinta-feira (27/5).
Segundo o parlamentar, que também é presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Casa, com os 23 bilhões e 250 milhões de reais orçados para a realização do Mundial de 2014 seria possível construir 11.500 escolas ou cerca de dez mil hospitais. Daria para manter a Saúde Pública por mais de 15 anos continuados com qualidade, e daria para manter também o sistema educacional. A folha de pagamento dos servidores da área de Educação, na Cidade de São Paulo, custa em torno de 600 milhões, o dinheiro público que se quer empenhar na Copa dá para pagar essa folha durante 20 anos.
Claudio Fonseca, que não é contra a realização da Copa no Brasil., também abordou a questão dos uniformes escolares dos alunos da rede de ensino. Veja e leia a íntegra do discurso abaixo:
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, público da TV Câmara São Paulo, nesta oportunidade, em que recebemos dois Srs. Vereadores de Câmaras Municipais vizinhas, devemos, também, reconhecer o esforço daqueles que, há muito tempo, vêm tentando dialogar e elevar a importância da relação entre os Municípios da Grande São Paulo.
Temos, nesta Casa, o nobre Vereador Natalini, com quem militei no PC do B. S.Exa. sempre perseguiu esse objetivo, trazendo para a Câmara Municipal de São Paulo a preocupação de estabelecer um diálogo entre a cidade de São Paulo e demais Municípios vizinhos. Agora, esse objetivo está reforçado por nosso Presidente, o nobre Vereador José Police Neto, estabelecendo o Parlamento Metropolitano, a fim de encontrar soluções para os sistemas de transporte, moradia, para as questões ambientais, tarifárias dos transportes públicos na cidade de São Paulo.
Vejam que o Metrô ainda está circunscrito somente à Capital de São Paulo, mas sabemos que populações numerosas se deslocam de outros Municípios para onde há emprego, vindo para a Capital de São Paulo trabalhar. Então quero cumprimentar o Vereador Natalini pelo trabalho histórico que tem realizado. Aprendi muito, ainda criança, no convívio com ele em nossa militância no partido em que éramos filiados. Deixo registrado esse agradecimento.
Também é preciso reconhecer o esforço, que confesso não é o meu, porque discordei da medida, quando implantada na Prefeitura do Município de São Paulo, do Vereador Goulart, que nos idos de 2001/2002 foi um defensor de que a Prefeitura deveria adquirir uniforme escolar para distribuir às crianças matriculadas na rede municipal de ensino. Eu entendia que isso não deveria ser financiado com recursos próprios da Educação, mas deveria sair da rubrica da Secretaria Municipal de Assistência Social ou de outra Secretaria, mas o Vereador Goulart sempre defendeu que tanto o kit de material escolar quando o uniforme fossem distribuídos para a população, que não tem condições de ter acesso, para que as crianças pudessem chegar em situação de igualdade. Não concordamos com a fonte de onde deve sair o recurso, no entanto, não posso deixar de reconhecer o empenho e o esforço dele, de fazer com que uma política pública fosse implementada, para permitir que as crianças tivessem acesso à Educação.
Ainda ontem, o Vereador Goulart registrou algumas preocupações em relação ao atraso da distribuição do uniforme escolar. Justifiquei a ele que de fato todo ano temos esse problema, porque há uma licitação enorme, um procedimento muito difícil até mesmo de localização das famílias para entregar o kit, mas como deixar de reconhecer a importância de uma pessoa que tem preocupação com acesso à Educação, qualidade do ensino e com a oportunidade de universalizar o atendimento à Educação, oferecendo às crianças condições de igualdade para que possam frequentar a escola.
Então nesta oportunidade faço o registro dessa preocupação do Vereador Goulart, já com alguns mandatos, corintiano histórico, com quem divirjo em outras questões, entre elas até mesmo essa preocupação ou o reclamo de uma parcela de pessoas que acham que o Poder Público Municipal deve empenhar recursos na construção de estádios de futebol. Acredito que se há necessidade de construção de estádios de futebol, isso deve ser financiado pela própria iniciativa privada, pelos clubes e não pelo Poder Público - Prefeitura, Estado e União - que não deve empenhar recursos na construção de estádios.
V.Exas. podem observar que hoje os custos com a Copa estão estimados em 23 bilhões e 250 milhões, recurso público para ser empenhado na realização da Copa do Mundo aqui no Brasil. Acredito que esse recurso seria melhor investido e aproveitado em Educação e Saúde. Quando falamos em 23 bilhões, algumas pessoas não têm noção do significado, do que poderia representar em várias políticas públicas para a Cidade de São Paulo e para o país. Por exemplo, a construção de uma escola custa em torno de dois milhões, com 23 bilhões de reais daria para construir 11.500 escolas ou cerca de dez mil hospitais. Daria para manter a Saúde Pública por mais de 15 anos continuados com qualidade, e daria para manter também o sistema educacional. A folha de pagamento dos servidores da área de Educação, na Cidade de São Paulo, custa em torno de 600 milhões, o dinheiro público que se quer empenhar na Copa dá para pagar essa folha durante 20 anos. Isso não é qualquer coisa.
Quando as pessoas se sensibilizam, Sr. Presidente, com o vídeo que circula de uma professora reclamando investimentos em Educação, isso tem de ter materialidade, não pode ficar só na forma de indignação, tem que se fazer correlação, inclusive, com os recursos públicos que, às vezes, são utilizados de forma indevida. Não que não se deva realizar a Copa do Mundo no Brasil, muito pelo contrário, mas a iniciativa pública, os investidores, patrocinadores poderiam colocar muito mais recursos do que o Estado, reconhecendo que o bom torcedor, inclusive, é aquele que tem uma qualidade de Educação bastante elevada para compreender não só as regras do futebol, mas de todas e praticar o esporte saudável. Muito obrigado, Sr. Presidente".
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