Equipe de Comunicação do Vereador Ricardo Young
Cerca de 70 ciclistas e representantes de movimentos cicloativistas de São Paulo compareceram na manhã desta quarta-feira (12/6) à audiência pública convocada pela Comissão de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia da Câmara Municipal para discutir o projeto de lei que prevê o emplacamento de bicicletas na cidade. A proposta é de autoria do vereador Adilson Amadeu (PTB).
O petebista justificou a criação do projeto sob o argumento da segurança e alegou que o “o roubo de bicicletas na cidade é grandioso”. Segundo ele, “os usuários precisam de segurança. Os donos de shoppings, por exemplo, se interessam em criar mais vagas para bikes nos estacionamentos. Mas exigem identificação”.
Lideranças e membros de organizações em prol do uso da bicicleta na cidade se manifestaram majoritariamente contra a aprovação da lei. “O projeto não diminui os roubos nem garante o uso seguro das bicicletas. O ladrão só vai tirar a placa do local e colocar outra no lugar e, no trânsito, o ciclista vai continuar a ser desrespeitado. Precisa-se aceitar a bicicleta como veículo”, afirmou Willian Cruz, do movimento “Vá de bike”. Ele questionou ainda o processo de licenciamento proposto, considerado burocrático. “Como determinar se a bicicleta está adequada à lei? Você tem uma infinidade de tipos, inclusive os infantis. Todas elas terão de ser emplacadas? E os turistas que virão para a Copa? Terão que emplacar?”, perguntou.
Grande parte dos usuários que se pronunciaram na audiência reclamou sobre a insegurança para o uso do veículo. “A bike não é um veículo perigoso. O perigoso é o carro. Não se vêem casos de pedestres mortos por acidentes com bicicletas. Parece equivocado burocratizar a vida de quem deveria ser incentivado e protegido”, declarou Thiago Bennichio, do “Ciclocidade”. Cerca de outros 15 ciclistas fizeram uso da palavra para criticar a proposta. Entre os presentes estava David Santos, jovem de 21 anos que teve o braço decepado após sofrer um atropelamento na Avenida Paulista, em março deste ano.
A chamada da Comissão para a audiência pública aconteceu após o parecer negativo dado por Ricardo Young (PPS), que foi relator do projeto de Adilson Amadeu. “Não há sentido em aprovar essa lei se ela não for convergente com os próprios interessados no uso da bicicleta. O processo é burocrático e passível de burocracia”, justificou.
Nas redes sociais em que os cicloativistas articulavam a vinda para a audiência, circulava a informação de que o autor da lei estaria interessado no despache de novas placas, por ser proprietário do maior escritório de despachante de São Paulo. Hoje Amadeu rebateu as acusações. “A acusação de que iria lucrar com a lei é falsa. Temos um fundo de transporte na cidade que arcaria com todos esses custos”, argumentou. Além dos membros da Comissão de Transportes, também compareceram à audiência outros vereadores, como Police Neto (PSD) e Roberto Trípoli (PV).
Os vereadores da Comissão ainda vão avaliar a proposta para colocá-la em votação, mas, para Ricardo Young, já ficou claro o recado da sociedade sobre a rejeição do projeto. "Hoje a Câmara viveu um momento alto do exercício da democracia. Os pronunciamentos deram um exemplo do que deveria ser feito todos os dias na Casa", defendeu.
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