Cientes de que o transporte público é a saída para o grave problema do trânsito que assola a cidade, os vereadores do PPS, Ari Friedenbach e Ricardo Young, analisam as legítimas manifestações do Movimento Passe Livre, mas condenam a violência praticada pela minoria.
Ari Friedenbach
O Brasil possui um sistema de transporte público obsoleto e insuficiente às necessidades da população. Considero legítimo questioná-lo, assim como o aumento das passagens. Acredito que nós, do Poder Público, temos que apresentar alternativas para melhorar o sistema.
O que não considero legítimo, nem saudável, é depredar equipamentos públicos, como as estações de Metrô e a barricada de fogo colocada na Avenida 23 de Maio. Sou contra criar o caos na cidade e o impedimento do direito de ir e vir dos cidadãos.
Nas redes sociais, corre o boato que hoje se repetirão as manifestações. Espero que o bom senso prevaleça e que todos tenham seus direitos de cidadão respeitados.
Ricardo Young
Os atos contra o aumento da tarifa de ônibus cresceram ao longo da última semana e, enquanto passavam do Anhangabaú para a Paulista e de lá para Pinheiros, ganharam repercussão. Porém, por outros motivos: saiu de cena a questão do transporte público e vieram à tona a violência e os prejuízos ao patrimônio público.
É claro que os protestos tomam as ruas para, na verdade, tomarem a mídia. No entanto, não é a primeira vez que uma causa legítima é sabotada por si mesma, ao chegar aos jornais com cara de vandalismo.
Ações anteriores do Movimento Passe Livre já conseguiram ampliar o debate sobre o transporte público gratuito. Embora seja o ideal, o pleito está longe de ser factível. Hoje o orçamento municipal para isso é de R$ 600 milhões, mas gasta-se ao longo do ano cerca de R$ 1,3 bilhão em subsídios. Ou seja, o custo é três vezes maior do que aquele originalmente previsto. Mesmo com um aumento da tarifa superior à inflação, esse quadro nem de longe é modificado.
Para reverter a tendência que aponta para a degradação do transporte público, é preciso reconhecer que o serviço é passível de concessão: é possível adotar um regime misto de permissão, com a criação de uma empresa pública para fins específicos ou mesmo de uma economia mista, como é o caso do Metrô. Assim, teríamos um ponto de equilíbrio necessário para combater o inchaço da máquina pública e seus consequentes gastos e ineficiência.
Agora, para pensarmos em conjunto sobre qual transporte público queremos e como ele será gerido, é preciso que o processo de participação seja líquido e certo. O Estado deve garanti-lo e a força policial, portanto, deve estar presente nas manifestações para proteger esse direito - em vez de intimidá-lo.
O pacifismo é uma condição para a democracia e para a sustentabilidade. Em vez de reprimir a desordem pública e acabar por incentivar que a manifestação se volte contra a ordem, é preciso preservar a manifestação. E deixar que ela passe, livre.
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