Diego Zancheta
Uma manobra feita hoje pela bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo garantiu ao partido o comando da CPI dos Transportes, que será criada amanhã para investigar os contratos da Prefeitura com as empresas de ônibus. Pressionada pelos estudantes do Movimento Passe Livre (MPL), a base governista do prefeito Fernando Haddad (PT) recuou na tentativa de barrar a investigação e resolveu protocolar um novo pedido de comissão, feito pelo vereador Paulo Fiorilo (PT).
Um dia após barrar a aprovação da CPI dos Transportes, solicitada pelos vereadores Ricardo Young (PPS) e Paulo Frange (PTB), os petistas decidiram criar uma comissão de investigação comandada por governistas. O presidente será Fiorilo e o relator, Milton Leite (DEM), governista e líder de perueiros na zona sul.
O presidente do Legislativo, José Américo (PT), afirmou que amanhã o plenário vai decidir entre os três pedidos de CPI em análise. A proposta que estava no plenário e tinha apoio de pelo menos 25 parlamentares é de autoria de Young, parlamentar de oposição. O governista Frange já avisou que vai abrir mão de seu pedido. “O PTB tem vaga assegurada na CPI do PT”, disse Frange.
“O que está sendo indicado aqui é que haverá uma CPI chapa branca e que não vai abrir a caixa preta dos contratos da Prefeitura com o setor dos transportes”, disparou Young. ”CPI chapa branca não, não aceitamos isso”, criticou no plenário Mário Covas Neto (PSDB).
A articulação do PT foi definida em reunião da bancada realizada por volta das 13h30. No encontro, petistas afirmaram ao líder de governo Arselino Tatto (PT) que estavam pressionados pelas suas bases para votar a favor da comissão. Tatto, então, propôs que a bancada entrasse em acordo para propor uma comissão com o comando de governistas.
“Não vai ser uma CPI chapa branca. Vai ser uma CPI com foco, que vai analisar minuciosamente todos os contratos dos transportes”, argumentou Fiorilo.
A mudança de planos na bancada do PT, a maior da Casa com 11 vereadores, ocorre após racha na base governista, antes formada por 42 dos 55 parlamentares paulistanos. A bancada evangélica, que tem 17 vereadores, começou a apoiar a CPI após Haddad vetar brecha em lei que reduzia regras para a construção de novos templos religiosos na cidade.
Com oito parlamentares, o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab também se rebelou da base após o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto (PT), dizer que a CPI era só para “achacar” o setor de transportes. O PSD não aceitou o pedido de desculpas do secretário.
A bancada do PT conta com o apoio de três dos principais líderes de perueiros da capital, os vereadores Milton Leite (DEM) e os petistas Senival Moura e Vavá dos Transportes. O PT tenta ainda conseguir até amanhã recuperar o apoio dos evangélicos.
Cerca de 150 pessoas que assistem o debate nas galerias do plenário do Palácio Anchieta vaiaram os vereadores após a apresentação do pedido de CPI governista. “O PT nunca foi contra CPI dos Transportes, precisa ficar claro essas coisas. O PT não teme CPI”, discursou Alfredinho (PT), um dia após ajudar a barrar a votação da CPI dos Transportes proposta por Young.
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