O vereador Ricardo Young (PPS) usou a tribuna da Câmara desta terça-feira (11/6) e manifestou sua opinião sobre as manifestações do Movimento Passe Livre e o custo do transporte público na cidade.
“Defendo que seja aberta a ‘caixa preta’ sobre o custo do transporte, afinal a grande questão, antes do valor da tarifa, é a transparência sobre o destino dela”. Veja a íntegra dos discurso:
"Boa tarde a todos os Srs. Vereadores da Casa e a todos os telespectadores da TV Câmara. Sr. Presidente, estou bastante preocupado com as manifestações que vêm ocorrendo na Cidade em função do aumento da tarifa dos ônibus.
Embora esse aumento pareça legítimo e o Sr. Prefeito Haddad já tenha dado várias explicações a respeito, parece-me que a insatisfação popular é crescente e, há muito tempo, não víamos uma repressão a essas manifestações como vimos durante esta semana.
Alguns alegam que a repressão foi necessária, pois vários atos de vandalismo foram perpetrados; outros alegam que não houve atos de vandalismo, os que ocorreram foram só como resposta à repressão.
De novo, estamos vendo uma discussão sobre liberdade de manifestação ou repressão a essa liberdade. O mérito da questão - que é a razão pela qual essas manifestações estão ocorrendo - não está sendo tratado pela imprensa, nem por esta Casa, nem pela imprensa, nem por esta Casa, nem pela Prefeitura. Senão, vejamos: há uma dotação orçamentária de 650 milhões de reais para subsídio do transporte urbano na cidade de São Paulo. Já sabemos que essa dotação será insuficiente. No ano passado, tivemos uma dotação de cerca de 600 milhões, que foi ampliada para 900 milhões. Na Comissão de Trânsito, Transporte, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia, já analisamos alguns indicadores que dão conta de que o total de subsídio da Prefeitura para o sistema de transporte chegará – pasmem – a 1,3 bilhão de reais. Ora, um valor como esse para uma situação de transporte urbano que deixa a desejar é algo que temos discutido nesta Casa diuturnamente.
A questão é: quanto esse aumento fará reduzir esse subsídio? Uma segunda questão: para onde está indo esse subsídio? Até agora, não se discutiu a questão principal, qual seja: quem está sendo subsidiado e o que está fazendo com esse recurso? As planilhas de custo das empresas concessionárias e permissionárias não estão passando nem ao largo da Comissão de Trânsito, Transporte, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia. E, se a Secretaria Municipal de Transportes tem acesso a essas planilhas, não tem tratado com transparência essas informações.
O que ocorre é que o subsídio para o transporte coletivo só aumenta, a qualidade do transporte só piora, a tarifa só aumenta e a insatisfação popular é crescente. Estamos vivendo um momento de grande insatisfação, e o fundamental, que é a planilha de custos e a situação das empresas permissionárias e concessionárias, ninguém conhece. Ninguém sabe o quanto de lucros elas estão tendo; ninguém conhece a margem de custos e de resultados ou as políticas trabalhistas que elas mantêm; ninguém sabe se elas têm ou não passivos fiscais e se elas têm ou não passivos trabalhistas.
Espero que as manifestações previstas para hoje, contra o aumento da passagem de ônibus, sejam as mais pacíficas possíveis; mas espero também que a força policial garanta a liberdade de manifestação. A questão mais importante hoje é: para quem está indo o subsídio? A quem o subsídio está atendendo? Quem controla a eficiência das empresas concessionárias? Porque, quando a população diz que o transporte é caro e que o aumento foi abusivo; quando o Sr. Prefeito diz que o aumento foi o máximo que ele pôde dar para não causar danos à inflação, ninguém diz para onde está indo esse recurso. Um bilhão e 300 milhões é muito dinheiro, e nós todos estamos completamente cegos em relação a essa realidade.
Assim, peço aos Srs. Vereadores desta Casa e à Comissão de Trânsito, Transporte, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia – farei um requerimento amanhã nesse sentido – que solicitem à Secretaria Municipal de Transportes o acesso a essas planilhas para que tenhamos maior clareza em relação a essa crise nos transportes de São Paulo. Muito obrigado, Sr. Presidente".
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