quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fotógrafo do caso Herzog não se sente cúmplice


Fotos - Renatto d´Souza - Câmara 

O fotógrafo da famosa foto de Vladimir Herzog morto nas dependências do DOI-Codi, em 1975 – e que deu início ao processo de desgaste do Regime Militar – prestou depoimento nesta terça-feira (28/5) na Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo.

Silvaldo Leung Vieira voltou a afirmar que não tinha ideia do que fotografaria naquela madrugada de 26 de outubro de 1975. “Era o meu plantão - funcionário e aluno de fotografia do Instituto de Criminalística - e fui escolhido para fazer a foto de um cadáver no prédio do DOI-Codi”. Disse ainda que não se lembra de muita coisa, mas que foi levado por um motorista e ficou somente cinco minutos no prédio. Tirou três fotos do corpo de Herzog e foi retirado das dependências da delegacia. 

O fotógrafo achou estranha a posição de Herzog na foto e suspeitou que pudesse estar fotografando uma situação fraudulenta. Só soube da importância de sua foto depois de alguns dias, no refeitório do CRUSP, Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, com os comentários dos demais estudantes sobre o jornalista e professor morto. 

Silvaldo ainda trabalhou no Instituto de Criminalista por mais três anos depois da foto. Foi transferido para Santos, onde, segundo ele, não aguentou a pressão de fotografar presos, comuns e políticos, e resolveu abandonar o emprego e emigrar para os Estados Unidos, onde viveu por 15 anos.

O vereador do PPS, Ricardo Young, questionou o fotógrafo: “Você se sente cúmplice?”. Disse Silvaldo: “Não me senti cúmplice, mas me sentia muito mal. De ter iniciado a vida daquela forma. Desde criança eu trabalhava como fotógrafo. De repente eu vi um tipo de fotografia que eu não queria para mim, que eu não queria fazer”. 

Já o filho de Vlado, Ivo Herzog, presente à sessão, foi mais veemente: “ "É duro? É duro. Mais duro foi a morte do meu pai, quando eu tinha 9 anos. Ele deve muito para a gente. O que ele está fazendo é uma coisa nobre. Precisamos saber a verdade”.

Também foi ouvido na mesma reunião o depoimento de Sérgio Gomes, preso no DOI-Codi na mesma época em que Vladimir Herzog foi morto. Gomes ouviu Herzog sendo torturado antes de morrer.



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