quarta-feira, 15 de maio de 2013

Militares ligados à umbanda pouparam terreiros durante a ditadura




Site da Câmara (Thais Lancman)

A perseguição a praticantes de umbanda e candomblé durante o regime militar foi o assunto da reunião da Comissão Municipal da Verdade nesta terça-feira (14/5), quando representantes das religiões vieram à Câmara Municipal.  Segundo o umbandista Basilio Filho, não havia perseguição religiosa, porém diversas vezes centros eram invadidos e festejos, interrompidos. “Tanto no Rio Grande do Sul quanto em São Paulo era comum que delegados de polícia entrassem nos terreiros”, lembrou.

Segundo ele, nessa época surgiu entre os policiais civis o código “fura-bumbo”, termo que delegados utilizam para falar de subalternos que entravam em terreiros de umbanda e quebravam os instrumentos musicais. Para ele, os incidentes eram mais ligados ao preconceito racial, que persiste até hoje.

Diamantino Fernandes, autor do livro Memórias da Umbanda do Brasil, a maior repressão aos umbandistas ocorreu durante a Era Vargas. Uma maneira de driblar o controle do Estado, de acordo com ele, era registrar os centros como tendas espíritas. Já no regime militar, a perseguição abrandou: “Muitos militares estavam de alguma forma ligados à umbanda”, contou, lembrando até de tenentes que tinham pais de santo entre seus assessores.

Ustra

Durante a reunião, os parlamentares comentaram a ida do vereador Gilberto Natalini (PV) à reunião da Comissão Nacional da Verdade na última sexta-feira (10/5), quando o Coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-CODI durante a ditadura, depôs.

“O Ustra só foi depois de ser ameaçado de ser levado à Comissão de forma coercitiva. Seu depoimento foi agressivo e prepotente, ele desfez da Presidente da República e dos membros da comissão”, contou o vereador. Ele e o militar discutiram, com o Coronel chamando o parlamentar de terrorista. Natalini contou que foi torturado por Ustra, e que foi a primeira vez que o viu pessoalmente desde então.

Para o vereador Ricardo Young (PPS), a maior preocupação agora é a segurança de Natalini. “É um grau de exposição muito alto, que gostaria que essa Comissão (a Municipal) ao menos discutisse, porque essa exposição pode implicar em algum risco à segurança do parlamentar”, argumentou. Natalini concordou que a preocupação procede, porém ele disse que não tem medo de qualquer represália que possa ter por conta do ocorrido.

Um comentário:

  1. Embora Umbandista, não podemos e devemos ficar vivendo do passado. Se houve erros por parte dos militares, eu como Umbandista, lhe digo com meus 72 anos que vi muitos destes que hoje reclamam e julgam, fazerem coisas que hoje procuram esconder, tendo em vista ao escalão que ocupam hoje, graças justamente à ordem que foi colocada neste País , como acompanhamos em quase todos Paises Latinos Americanos, que vive-se mais em função dos estado de poder, e os sofridos de sempre, que nunca tiveram nada nem com um ou outro lado, continuam sem escolas, sem lares, sem empregos, a não ser que possuam padrinhos. Mudou-se sim, mas não para a maioria, portanto se queremos julgar, deve ser de ambos lados, isso será justiça, fora deste contexto, é revanchismo que certamente atrás disto virão resultados a beneficiar a alguns, como aliás já o fez a vários e não para esclarecer na realidade o que se fez de justo e injusto de ambos lados!

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