terça-feira, 13 de setembro de 2011

Claudio Fonseca analisa números do Enem

O líder do PPS na Câmara Municipal, Professor Claudio Fonseca, usou a tribuna da Casa nesta terça-feira (13/9) e comparou os gastos do ensino particular com o ensino público ao analisa a lista divulgada ontem pela imprensa das escolas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Esses números (Enem) explicam, de certo modo, porque a escola pública vem apresentando nos últimos anos um baixo desempenho”. “Os indicadores deixam claro que vivemos uma tragédia, uma gravidade monumental na área de Educação”. Veja acima a íntegra do discurso.

"Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, público da galeria, telespectadores da TV Câmara São Paulo e leitores do Diário Oficial, quero abordar dois assuntos.

Um deles tem ganhado grande repercussão na mídia, que são os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio. Esse exame foi criado em 1988 para avaliar o desempenho dos estudantes ao final da sua escolaridade básica, que compreende o ensino fundamental e médio.

A imprensa tem cuidado de divulgar estes resultados, inclusive, da grande promoção e divulgação para o ranking, por meio dos resultados que foram alcançados pelos alunos neste exame.

Os jornais a semana toda divulgaram as cinco melhores escolas do Brasil e as cinco piores. Obviamente, que este ranking acaba escondendo alguns fatores que não são ditos às claras, mas as pessoas sabem o que leva ao fracasso no desempenho escolar.

E números que são importantes de serem ressaltados, muitas vezes ficam nas entrelinhas das matérias.

A melhor escola classificada no ENEM, a que obteve melhor resultado dos seus alunos, é uma escola particular, o Colégio São Bento, no Rio de Janeiro, cuja mensalidade é de R$2.140,00. Para manter seu filho nessa escola privada, a família custeia esse valor.

Já numa escola pública, o custo per capita anual é de R$2.336,00, ou seja, aquilo que se gasta em um mês com o aluno matriculado numa escola particular, gasta-se num ano numa escola pública de ensino médio. Algo próximo a R$200,00, por mês, para um aluno matriculado.

Creio que esses números, de certa forma, explicam por que vem caindo o desempenho da escola pública nos últimos anos; por que não conseguimos oferecer educação de qualidade e por que se promove tanto e se escandaliza falsamente – na verdade o escândalo poderia gerar soluções –, mas esses números, de certa maneira, são promovidos na mídia não para busca de solução, não para usá-los como diagnóstico e ver como investir em educação para mudar os indicadores negativos.

É muito fácil divulgar o ranking das cinco piores escolas, no geral aquelas associadas a localidades com os piores indicadores socioeconômicos, com as famílias vivendo em ambientes de exclusão, com dificuldade de renda, de empregos, onde os alunos não têm espaço para estudar. As escolas também são colocadas nas piores condições, os profissionais de educação, no geral servidores públicos, muito mal remunerados, onde pouco se investe e depois se quer resultados de uma educação em que o poder público não ofereceu condições para que ela tivesse êxito de fato.

Quero saber o que será feito para reverter os indicadores negativos da qualidade de educação no Brasil?

Governo federal, governos estaduais e municipais deveriam inverter a pauta nacional. Fala-se muito em investimento na construção de estádios, em gastos com a realização dos jogos da Copa do Mundo, como se essa de fato fosse a prioridade, quando temos clareza - por meio dos resultados oferecidos por esses exames, que são oficiais indicadores -, que vivemos uma tragédia de gravidade monumental na área de educação.

Podemos oferecer até jogadores de futebol – alguns poucos – para terem desempenho no mundo com a sua arte e talento, mas faltarão técnicos, cientistas, professores, médicos, pessoas com qualidade para trabalhar também na indústria, no comércio e que possam, na simplicidade das profissões que exercem, interpretar a realidade que vivem e interferir sobre ela.
O indicador da queda do desempenho dos alunos no ensino médio revela a forma como tem sido conduzida a educação no nosso país.

É lamentável que no geral os profissionais de educação acabam sendo responsabilizados por esse baixo desempenho, quando temos uma dificuldade imensa de oferecer condições para o trabalho na área de educação para com todos os seus profissionais, assim como para a população manter seus filhos em escolas de qualidade. Muito obrigado, Sr. Presidente".

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