sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O samba pede passagem na Câmara Municipal de São Paulo

Autoridades e personalidades do samba paulistano discutem a regularizão dos espaços das escolas de samba na cidade

Brunna Castro e Renan Geishofer
Fotos - Fábio Jr Lazzari/ CMSP

Foi realizado na manhã desta sexta-feira (16/9), no Plenário 1º de Maio da Câmara Municipal, o Seminário “O Espaço do Samba na Cidade de São Paulo”. O evento debateu a regularização dos espaços físicos ocupados por escolas de samba na cidade. A iniciativa do seminário partiu do presidente da Comissão, vereador Professor Claudio Fonseca, líder da bancada do PPS na Casa.

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O secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, disse que a Prefeitura se empenhará em regularizar os espaços físicos das escolas de samba procurando atender a todas as agremiações. “Não faremos um trabalho visando somente às escolas do Grupo Especial. Todas devem ter atenção”, ressaltou.

Além disso, o secretário acrescentou que a Prefeitura tem o desejo de adaptar as áreas das escolas em espaços de entretenimento, educação e turístico.

Samba desafinado

O diretor de ações estratégicas e comunicação da SPTuris, Luiz Sales, expôs no Plenário que as escolas de samba ocupam 96 áreas da cidade e nenhuma das agremiações possuem áreas regularizadas – 43 processos de regularização estão em andamento na Prefeitura.

“Apesar de o prefeito ter apresentado o Decreto 49.156 – que regulariza os terrenos das escolas com algumas contrapartidas - as agremiações não conseguiram deixar os seus espaços de acordo com a lei”, explicou Sales.

Segundo Luiz Sales, o carnaval paulistano vem recebendo muitos investimentos. “O sambódromo da cidade já está 100% acessível para atender as pessoas que têm deficiência física e mobilidade reduzida”, disse. O diretor da SPTuris também apresentou, em vídeo, o projeto da construção da “Fábrica do Samba”, um investimento de R$ 124,1 milhões.


“No local, haverá estrutura para atender e abrigar todos os equipamentos e materiais das 11 escolas de samba do grupo especial a 1.100 metros da entra do Sambódromo, o que facilitará o trajeto dos carros alegóricos”.

Só depois da Copa

O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Paulo Sérgio Ferreira, deixou claro que, para ele, a “Fábrica do Samba” não ficará pronta nem para a Copa de 2014. “A construção da ‘Fábrica do Samba’ está a passos de tartaruga”, criticou o dirigente.

Para ele, o carnaval de São Paulo só poderá ser comparado à festa carioca quando o Governo do Estado de São Paulo acreditar nessa ideia, “pois apenas a Secretaria Municipal de Cultura dá a devida importância para o nosso carnaval”. Ao final, disse que a economia da cidade não depende da festa carnavalesca, mas que a atividade gera emprego e renda para muitas pessoas, “além de movimentar a cidade”.

Mais conhecimento

Já o presidente da UESP (União das Escolas de Samba de São Paulo), Kaxitu Ricardo Campos, destacou o trabalho que a SPTuris vem desenvolvendo junto à comunidade. “O carnaval, como evento, vem sendo bem visto pela SPTuris, mas precisamos de uma interlocução de fato com todas as esferas de poder municipal. A Câmara Municipal está ajudando nessa questão e a Prefeitura precisa conhecer a fundo a nossa realidade”, afirmou.



Kaxitu sugeriu ainda a realização de um Fórum das Artes Carnavalescas para discutir as necessidades do setor durante o ano todo, já que, segundo ele, “Câmara, juntamente com a UESP, pode encontrar uma solução viável para todos os problemas relacionados ao reinado de Momo”.

Fim do preconceito

O jornalista, radialista e locutor Moisés da Rocha destacou que o evento é de suma importância para a cultura popular brasileira. “Há muito preconceito enraizado da sociedade contra o samba. Não conseguimos avanços porque o povo está dividido”, disse. Segundo ele, a “causa” – o carnaval – tem se tornado uma questão “suprapartidária”.

Ciclo da cultura

José Mauro, representante do secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil, declarou que a presença do público no Seminário dá vida para a cultura de São Paulo. “Os espaços voltados para a produção, como o projeto da “Fábrica do Samba”, são importantes para a cidade. Isso permite a reciclagem da cultura e a formação de novos profissionais”, destacou.


À TV Câmara, o vereador Claudio Fonseca frisou que o Carnaval é uma atividade que compensa o esforço das pessoas. “A Câmara Municipal não pode deixar de olhar para a atividade carnavalesca e não pode ser indiferente com a importância social das escolas”, ressaltou. Segundo o líder do PPS, é necessário regularizar os espaços ocupados pelas escolas de samba.

Durante o seminário, foi sugerida a realização de uma audiência com o Ministério Público e os presidentes das escolas de samba para fortalecer a relação entre as duas esferas. Claudio Fonseca afirmou que vai apresentar a proposta na próxima reunião da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, dia 21/09, às 13h30.



O encontro contou com a presença do subprefeito da Lapa, Carlos Fernandes; Eugenio Aparecido, secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras; dos vereadores Netinho de Paula (PC do B), Floriano Pesaro (PSDB) e Celso Jatene (PTB); e do presidente do zonal do PPS da Vila Sabrina, João Sagres, que aproveitou a oportunidade para parabenizar o vereador pelo evento e destacar a importância do Museu do Jacanã.

"O museu é uma bela homenagem ao grande Adoniram Barbosa, que tanto contribuiu para o samba de São Paulo e para o bairro do Jacanã. Todos devem conhecer a sua rica história visitando e conhecendo esse belo museu", afirmou.

Além dos parlamentares, o Plenário Primeiro de Maio ficou repleto de bambas do samba paulistano, como o grande Oswaldinho da Cuíca, além de líderes de escolas e blocos carnavalescos e do ex-jogador campeão mundial com o Brasil na Copa de 1970, Roberto Rivelino.


Para fechar com chave de ouro, o grupo de samba Clube do Partido Alto apresentou o samba de enredo “Cooperativismo dá Samba”, composto por Paulo César de Oliveira, José Ricardo de Oliveira (Zeca Pauliceia), Xixa e Cristovam Miron, em comemoração ao Cooperativismo. No final de outubro, a ONU (Organização das Nações Unidas) fará o lançamento do Ano Internacional do Cooperativismo a ser comemorado em 2012. O próprio Carnaval de São Paulo de 2012 terá como tema o “Cooperativismo dá Samba”.

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