terça-feira, 1 de outubro de 2013

Acidente JK: testemunha disse que tentaram comprá-lo


Site da Câmara
Foto - Luiz França/CMSP

“Alguns dias depois do acidente, dois caras cabeludos que se disseram repórteres foram até a minha casa e ofereceram uma grande quantia de dinheiro para que eu assumisse a culpa pela morte do Juscelino. Se eu não aceitasse, eles disseram que iriam bater em mim. Eu não aceitei o dinheiro e eles nunca mais me procuraram. Não lembro o nome deles e nem de qual veículo eram” afirmou o ex-motorista Josias Nunes de Oliveira, em depoimento à Comissão Municipal da Verdade nesta terça-feira (14). Ele é uma das principais testemunhas do acidente que matou o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek.

No dia 22 de agosto de 1976, Oliveira dirigia um ônibus da Viação Cometa pela rodovia Presidente Dutra, sentido Rio de Janeiro, quando na altura do município de Resende, o Opala em que JK estava atravessou na frente do ônibus e foi parar na pista contrária, se chocando com um caminhão. “Eu estava na faixa da esquerda e o carro de JK estava na da direita, em uma velocidade um pouco maior que a minha. De repente, tinha uma curva leve para a direita e o motorista do Juscelino continuou em linha reta. Como naquela época a Dutra não tinha guard rail, o carro atravessou sem o menor problema”.

Oliveira ainda relatou que logo após o acidente parou o seu ônibus no acostamento e se aproximou do veículo acidentado para prestar socorro. “JK não morreu logo depois da batida, ele chegou a mexer os olhos. Eu não o reconheci logo de primeira. Ele estava no banco de trás com o livro “As Mudas se Levantam” e eu só descobri que era o ex-presidente quando vi uns documentos que caíram de uma pasta”, disse.

Anos depois do ocorrido, o ex-motorista foi processado como responsável pelo acidente, mas o julgamento o inocentou. Hoje, Oliveira mora em um asilo no município de Indaiatuba, interior de São Paulo, e ainda convive com a suspeita de alguns, que ainda o consideram culpado pela morte de JK. “Minha vida piorou bastante. O mundo inteiro me acusou de criminoso!”.

Ao final do depoimento, o vereador Calvo (PMDB) sugeriu que assim como fez o passageiro do ônibus, Paulo Óliver, que depôs na comissão no dia 13/8, o ex-motorista da Viação Cometa deveria também elaborar um desenho da cena do acidente. Com isso, a comissão poderá levar o material para peritos analisarem, segundo o vereador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário