sexta-feira, 12 de abril de 2013

Artigo: Por que os vereadores assinaram o projeto de homenagem à Rota


Ricardo Young

Em apenas três meses de mandato, já fiquei conhecido pelos assessoristas da Câmara Municipal como “o vereador que lê”. Durante as sessões, eles circulam pelo plenário recolhendo as assinaturas dos vereadores para dar início à tramitação de diversos projetos.

Tenho como princípio a leitura de cada um antes de assinar e geralmente me posiciono contra homenagens, por acreditar que a cidade tem muitos assuntos urgentes para serem debatidos por seus vereadores. O olhar atento é importante porque já chegou às minhas mãos até mesmo projeto de homenagem a empresário de jogos de cartas!

Entretanto, algumas vezes nos são apresentadas pilhas de papeis com dezenas de projetos em meio aos debates das sessões.  Inadvertidamente, li apenas as linhas gerais do requerimento para tramitação do projeto que concede Salva de Prata à Rota e, portanto, assinei-o sem ter conhecimento da sua justificativa.  Foi um erro, pois sou contra a homenagem.

Assim que tomei conhecimento da justificativa para a homenagem, referindo-se ao desempenho da Rota no período da Ditadura Militar que tanto nos envergonha, tomei imediatamente a providência de me manifestar em plenário contra a medida, dizendo que “o passado da Rota é muito difícil e todos sabemos que havia muita impunidade na época da Ditadura. Obviamente, houve progressos com relação aos seus procedimentos. Daí para justificar uma homenagem assim, precisamos refletir.” Está disponível  o áudio do meu discurso naquela oportunidade.

Minha trajetória não deixa dúvidas de que sempre me preocupei com os Direitos Humanos e jamais defendi a Ditadura Militar. No mesmo dia desse discurso em plenário, fui integrado à Comissão Municipal da Verdade, que pediu a apreciação do projeto e certamente irá sugerir seu arquivamento. O público que acompanha minhas ações através do vídeo Direto do Plenário, que gravo após cada sessão, ficou a par dessa articulação no mesmo dia.

Por fim, vale esclarecer que as assinaturas dos vereadores significam apenas o apoio à tramitação do projeto, ou seja: a permissão para que a ideia seja debatida pelas comissões e no plenário. As assinaturas não coincidem, portanto, com o voto favorável ao projeto, que passará por votação apenas no final do seu caminho pela Casa.

Os paulistanos elegeram três coroneis reformados da Polícia Militar para representá-los nesta legislatura, portanto, é de cunho democrático que permitamos o debate dessas questões. O mais importante, no entanto, é que a sociedade acompanhe o nosso trabalho atentamente e marque presença, como estão fazendo desta vez. Pois só podemos pensar verdadeiramente nossa cidade quando o interesse público tem vez e voz.

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