terça-feira, 16 de abril de 2013

Seminário defende alimentação sem agrotóxicos




Sítio da Câmara

Uma alimentação sem agrotóxicos é necessária e possível. Essa foi a mensagem de um seminário realizado nesta segunda-feira na Câmara Municipal, promovido pelo presidente da Frente Parlamentar de Sustentabilidade, vereador Ricardo Young (PPS).

A primeira parte do encontro foi centrada nos danos que o consumo e a exposição aos agrotóxicos causam à saúde. A biomédia Karen Friedrich, da Fundação Oswaldo Cruz, afirmou que os maiores danos estão nos sistemas imunológico, endócrino e reprodutivo. Há também a relação entre agrotóxicos e a incidência de câncer; Karen explicou que, por isso, não há níveis seguros do consumo de certos tipos de agrotóxicos: “Basta uma célula infectada para surgir um tumor”.



Segundo ela, a Anvisa realiza o controle dos agrotóxicos em alimentos in natura e já está constatado que alface, pimentão, morango e pepino são alguns alimentos com quantidade alta de resíduos. Não há a fiscalização de industrializados, como molhos prontos, sucos em caixa e carne. “A gente não tem ideia, mas é muito provável que estejam contaminados, porque estão na mesma cadeia produtiva”, disse.

A biomédica contou que a última revisão do registro de agrotóxicos foi feita em 2008, quando quatro tipos do veneno foram banidos. “Já existem outros que são proibidos em outros países, mas aqui a Anvisa não teve força”, disse.  Segundo ela, atribui-se a “interesses políticos e econômicos” o ritmo lento desse processo.



A coordenadora da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida em SP, Susana Prizendt, também acredita que a implantação de uma agricultura orgânica, livre de agrotóxicos, esteja relacionada ao modelo de produção adotado. “Hoje temos monoculturas, ou seja, uma vasta área onde só um ser vivo habita. Como é que a natureza pode ter equilíbrio nessas condições? Por isso é que tem pragas, a terra fica enfraquecida e precisa de adubo químico”, detalhou.

“Com a rotatividade de culturas, pequenos produtores se valendo da biodiversidade, preservando tradições e até utilizando substâncias naturais que combatem as pragas, você consegue produtividade até maior”, completou.

Agricultura orgânica em SP

Outro ponto abordado durante o seminário foi a situação da agricultura orgânica na cidade de São Paulo.  O vereador Nabil Bonduki (PT), que também participou do evento, acredita que ela é o único caminho para que cidade possa produzir mais alimentos, já que a maior parte da zona agrícola do município está em áreas de preservação ambiental.

Para isso, segundo Bonduki, é necessário alterar o Plano Diretor da cidade, pois hoje em dia a cidade praticamente não tem áreas classificadas como rurais.  "Nós precisamos recriar a zona rural para que os agricultores possam ter acesso a crédito e outros benefícios dos governos federal e estadual que só podem ser dados a produtores na zona rural", disse o petista.

Ricardo Young enfatizou que a produção de alimentos orgânicos, por suas particularidades, vai depender muito mais da cidade do que a agricultura tradicional.



"As cidades, que estão marchando inexoravelmente para uma concentração urbana que nós jamais vivemos antes, estão tornando buracos negros, porque absorvem todos os serviços ambientais e não devolvem nada”, afirmou Young. “Nós temos 87% de nossa população nas cidades. Então uma discussão sobre agricultura orgânica tem que passar pelas cidades como espaço de produção de alimento."

Veja abaixo a reportagem feita pela TV Câmara:

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