Claudio Fonseca
Existem algumas coisas que são tão comuns na nossa vida que não chegamos a fazer nenhum tipo de questionamento. É como se você acreditasse em Papai Noel. De repente, alguém vem nos dizer que ele não existe.
Mas como? Diriam alguns. Eu sempre pensei que ele existisse! Pois bem, o mesmo acontece com os bairros. As pessoas vivem e moram nos bairros, são referência obrigatória nos nossos guias de ruas e são complementares aos nossos endereços em citações obrigatórias nos documentos, mas, no entanto – pasmem - não consta como uma divisão administrativa para o município, ou seja, na prática, não existem. Não parece com a história do Papai Noel?
Pensando sobre isso, elaboramos uma proposta* onde a questão deixa de ser fictícia para se tornar realidade – a inserção da figura do bairro na Lei Orgânica do Município.
Embora, tradicionalmente, se reconheça o bairro - construído espontaneamente ou planejado - como o lugar portador da noção de identidade, as iniciativas no sentido de institucionalizá-lo sempre esbarraram em algum tipo de dificuldade.
Algumas cidades, a exemplo do Rio de Janeiro, procuraram vencer esse desafio, delimitando seus bairros e buscando uma compatibilização entre as suas bases cartográficas e as necessidades políticas e administrativas.
Apesar da questão ser de difícil trato, acreditamos que seja a base da ação e da atuação da cidadania, além de ser uma maneira de se manter e preservar as características locais.
Numa pesquisa sobre o povoamento do interior do estado de São Paulo e vizinhança, o sociólogo Antônio Candido obteve uma definição interessante que relaciona o lugar físico a laços afetivos:
“(...) além de determinado território, o bairro se caracteriza por um segundo elemento, o ‘sentimento de localidade’ existente nos seus moradores, e cuja formação depende não apenas da posição geográfica, mas também do intercâmbio entre as famílias e as pessoas, vestindo por assim dizer o esqueleto topográfico: - O que é bairro? – perguntei certa vez a um velho caipira, cuja resposta pronta exprime numa frase o que se vem expondo aqui: - Bairro é uma naçãozinha. – Entenda-se: a porção de terra a que os moradores têm consciência de pertencer, formando uma certa unidade diferente das outras”.
É exatamente este sentimento que não queremos perder, de forma que o bairro não se torne a expressão da desigualdade social e lucros imobiliários.
* Proposta de Emenda à Lei Orgânica 10/09. Veja mais detalhes do PLO aqui.
Existem algumas coisas que são tão comuns na nossa vida que não chegamos a fazer nenhum tipo de questionamento. É como se você acreditasse em Papai Noel. De repente, alguém vem nos dizer que ele não existe.
Mas como? Diriam alguns. Eu sempre pensei que ele existisse! Pois bem, o mesmo acontece com os bairros. As pessoas vivem e moram nos bairros, são referência obrigatória nos nossos guias de ruas e são complementares aos nossos endereços em citações obrigatórias nos documentos, mas, no entanto – pasmem - não consta como uma divisão administrativa para o município, ou seja, na prática, não existem. Não parece com a história do Papai Noel?
Pensando sobre isso, elaboramos uma proposta* onde a questão deixa de ser fictícia para se tornar realidade – a inserção da figura do bairro na Lei Orgânica do Município.
Embora, tradicionalmente, se reconheça o bairro - construído espontaneamente ou planejado - como o lugar portador da noção de identidade, as iniciativas no sentido de institucionalizá-lo sempre esbarraram em algum tipo de dificuldade.
Algumas cidades, a exemplo do Rio de Janeiro, procuraram vencer esse desafio, delimitando seus bairros e buscando uma compatibilização entre as suas bases cartográficas e as necessidades políticas e administrativas.
Apesar da questão ser de difícil trato, acreditamos que seja a base da ação e da atuação da cidadania, além de ser uma maneira de se manter e preservar as características locais.
Numa pesquisa sobre o povoamento do interior do estado de São Paulo e vizinhança, o sociólogo Antônio Candido obteve uma definição interessante que relaciona o lugar físico a laços afetivos:
“(...) além de determinado território, o bairro se caracteriza por um segundo elemento, o ‘sentimento de localidade’ existente nos seus moradores, e cuja formação depende não apenas da posição geográfica, mas também do intercâmbio entre as famílias e as pessoas, vestindo por assim dizer o esqueleto topográfico: - O que é bairro? – perguntei certa vez a um velho caipira, cuja resposta pronta exprime numa frase o que se vem expondo aqui: - Bairro é uma naçãozinha. – Entenda-se: a porção de terra a que os moradores têm consciência de pertencer, formando uma certa unidade diferente das outras”.
É exatamente este sentimento que não queremos perder, de forma que o bairro não se torne a expressão da desigualdade social e lucros imobiliários.
* Proposta de Emenda à Lei Orgânica 10/09. Veja mais detalhes do PLO aqui.
Claudio Fonseca é líder da bancada do PPS na Câmara Municipal de São Paulo
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