quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Camacho confirma “chuva de querosene” em Congonhas

Sítio da Câmara

A convite do vereador Penna (PV) para prestar esclarecimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Danos Ambientais da Câmara Municipal, Carlos Camacho, secretário de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas confirmou nesta terça-feira (10/11) que os aviões que pousam ou decolam do Aeroporto de Congonhas pulverizam combustíveis sobre as casas das pessoas que moram no entorno do terminal, principalmente na cabeceira sul.

Recentemente, moradores da região denunciaram à CPI que “a chuva de querosene” ocorre quando as aeronaves estão aterrissando, momento em que ocorre o refluxo das turbinas dos aviões, oferecendo riscos à saúde e até de incêndios. “Representantes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), quando compareceram à CPI, negaram que o problema estivesse ocorrendo”, lembrou Penna.

“O comandante Camacho deixou muito claro que a chegada ou saída dos aviões, literalmente, pulverizam, com micropartículas de combustível que os motores não conseguem queimar na câmara de combustão, na grande maioria de querosene”, destacou o vereador Paulo Frange (PTB).

De acordo com o parlamentar, “isso traz riscos à saúde, principalmente quando se forma uma verdadeira nuvem quando ocorre um aumento de voos em um mesmo horário. Em média, são realizadas em Congonhas 34 operações por hora, o que corresponde a 17 pousos e 17 decolagens, no mesmo lugar, o que acaba provocando essa 'chuva', como a população denominou”.

Saúde

Camacho informou que não se sabe ainda a quantidade de combustível que é pulverizado, mas recomendou a realização de um estudo científico por alguma universidade especializada no assunto para se saber os males causados à saúde dos moradores da região e o risco de acidentes.

Sugeriu que para diagnosticar a quantidade de combustível aspergido poderia ser usado um sistema utilizado pela viação agrícola, com a colocação de papelotes no solo do entorno para saber a quantidade de inseticida pulverizado. Também lembrou que poderiam ser utilizados sensores para fazer uma avaliação do ar.

O vereador Penna indagou se a instalação de um catalizador reduziria o problema e Camacho respondeu, dizendo que sim, mas que seria inviável, pois devido a potência dos motores das aeronaves, o equipamento teria de ser muito grande.

Na opinião do aeronauta, para reduzir o problema de imediato deveriam diminuir o número de operações em Congonhas. “A vocação desse aeroporto é regional, atendendo as demandas das cidades do interior do Estado, e, no limite, atendendo as pontes-aéreas que envolveria Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba. Mas, a partir do momento que Congonhas foi destinado a distribuição dos voos de todo o Brasil, tornou-se um aeroporto extremamente problemático”, disse Camacho.

E mais: “se tivéssemos mantido a sua vocação, conforme determinava a Portaria 188 do Departamento de Aviação Civil, lá do passado, Congonhas seria um aeroporto mais amigável para a cidade de São Paulo”.

Ecopontos

Na cidade existem 37 Ecopontos, locais de entrega voluntária de pequenos volumes de entulho (até 1m³), grande objetos, como móveis e poda de árvores, e resíduos recicláveis. Nos Ecopontos, o munícipe pode dispor o material gratuito em caçambas para cada tipo de resíduo, mas, de acordo com levantamento feito pela assessoria do vereador Paulo Frange, a maioria não funciona corretamente; alguns estão fechados, outros não atendem ao telefone e outros nem telefone têm. Além disso, foi encontrado montes de lixo orgânico ao lado dos postos.

O coordenador do Núcleo Gestor de Entulho da Limpurb, Valdecir Papazissis, em depoimento à CPI, confirmou que existe algumas irregularidades, mas que elas se devem a falta de mão-de-obra e a padronização dos horários e dias de funcionamento dos Ecopontos.

“Como alguns não funcionam aos sábados e outros encerram o expediente por volta das 17 horas, as pessoas ao encontrarem o Ecoponto fechado acabam deixando os resíduos na calçada ao lado do posto”, disse.

Para melhor a qualidade do atendimento, Papazissis informou que foi concluído um estudo técnico, orientado a Prefeitura a terceirizar a mão-de-obra e que os Ecopontos funcionem durante 24 horas e todos os dias da semana.

Os integrantes da CPI questionaram o modelo de gestão dos Ecopontos. “A gestão está atrelada à Secretaria Municipal de Serviços, por meio da Limpurb, que tem a incumbência de implantar o serviço, mas quem cuida do local é a subprefeitura e há o repasse para terceiros..Há um conflito de gestão desses espaços”, explicou Paulo Frange.

“Em virtude disso, propusemos repassar esse modelo de gestão a limpo. Ou seja, criar outro modelo de gestão, pois os Ecopontos são importantes para a cidade. Eles não são caros, e trazem muitos benefícios. O grande problema é que a população muitas vezes não entendendo o que está acontecendo ali, vendo o abandono, acaba depositando lixo orgânico no lado de fora, criando mais um problema”.

Participaram a reunião os seguintes vereadores: Penna (PV), Juscelino Gadelha (PSDB), Paulo Frange (PTB), Goulart (PMDB), Arselino Tatto (PT), Ítalo Cardoso (PT), Alfredinho (PT) e Marco Aurélio Cunha (DEM).

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