Ari Friedenbach
A prefeitura de São Paulo gastou os primeiros três meses do ano articulando a aprovação da maior bandeira da campanha política do prefeito Haddad: a nova Lei da inspeção veicular e adiou assuntos mais importantes para a população. Esse projeto foi aprovado ontem sem levar em conta os substitutivos apresentados, que o tornavam melhor, mais transparente e viável.
Eu votei contra o documento do Governo, pois defendo que a inspeção deve permanecer anual, atendendo à regulamentação do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente –, também defendo que se deva abrir uma licitação para escolher novas empresas ou consórcios para realizar o serviço, desde que não haja conflito de interesses entre quem vende o serviço de regulagem e quem fiscaliza. O credenciamento generalizado de oficinas dificulta a lisura no processo e a fiscalização das mesmas. Porém, sou a favor da devolução da taxa aos proprietários de veículos aprovados na inspeção, conforme aprovado ontem.
Considero a inspeção veicular um assunto importante, de saúde pública, e que deve sim ter espaço na agenda pública, desde que beneficie a população e que não seja apenas para atender interesses eleitorais, mas não podemos tirar o foco dos temas mais importantes para os cidadãos paulistanos. No começo desse ano letivo, por exemplo, muitas crianças estavam matriculadas em escolas, porém sem lugar para estudar.
O déficit de creches na cidade existe há muitos anos e ainda não foi enfrentado da forma como deveria. Essa deve ser uma das prioridades dessa nova gestão, identificada historicamente com as causas dos menos favorecidos. Nesse mesmo tema da educação, a melhoria da qualidade de ensino nas escolas municipais e a formação cidadã dos jovens que nelas estudam podem modificar o futuro da cidade, já que formando com qualidade os jovens, certamente os índices de violência devem diminuir.
A saúde pública também é outro ponto que já deveria estar na pauta do Executivo desde o primeiro dia do ano. Assim como, segurança, iluminação pública, mobilidade urbana, meio ambiente e o novo plano diretor – outro assunto polêmico – que nos mostrará se o mercado e a especulação imobiliária irão ditar o zoneamento da cidade ou se o planejamento urbano equilibrado prevalecerá.
Vou me empenhar em manter as discussões da cidade no que realmente interessa para os cidadãos.
Ari Friedenbach é líder da bancada do PPS na Câmara Municipal de São Paulo
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