Discutir os graves efeitos da crise econômica no Brasil e na cidade de São Paulo, propor idéias e soluções para combatê-la. Sob esse espectro, o líder da bancada do PPS na Câmara Municipal, Professor Claudio Fonseca, promoveu na última sexta-feira (20), no Plenário Prestes Maia – em parceria com os vereadores tucanos Gilberto Natalini e Floriano Pesaro – o debate “A crise econômica e seus efeitos na cidade de São Paulo”.
“Não podemos ficar indiferentes a esse acontecimento mundial e seus reflexos na vida das pessoas. Para nós, vereadores, que temos vínculos diretos com as questões sociais e com os movimentos de resistência dos trabalhadores, sabemos o quanto é importante debater e encontrar saídas, medidas para conter essa crise mundial e seus efeitos na cidade”, explicou Claudio Fonseca.
O líder do PPS mostrou preocupação com os efeitos da crise na cidade: “diferentemente do que disse o nosso presidente (Lula), que subestimou os efeitos dessa crise, chegando a dizer que “enfrentávamos uma pequena marola”, estamos presenciando a queda do número de empregos em alguns setores na cidade de São Paulo, além de constatar a forte queda do PIB no último trimestre de 2008...”.
Finalizando, Fonseca acredita que tanto o Executivo quanto o Legislativo podem e devem propor ações concretas para evitar os efeitos da crise. “Fazendo esse debate, abrimos para a discussão, também, das idéias dos partidos políticos e suas visões sobre o atual momento”.
Floriano Pesaro (PSDB) também mostrou sua apreensão: “Nós, vereadores, não podemos nos omitir, pois o que está acontecendo é mais do que uma ‘marolinha’. Nossa preocupação é que a crise logo se torne social, por isso precisamos conhecer os seus dados para propor políticas públicas de geração de emprego e crédito”, enfatizou. Palavras compartilhadas pelo seu colega de bancada, o vereador Gilberto Natalini.
Palestras
O presidente nacional do PPS, ex-senador e ex-deputado Roberto Freire, primeiro palestrante do dia, criticou a atuação do governo federal no combate à crise. Segundo ele, o Governo não se preocupou, e muito menos se preparou, para enfrentar os efeitos da crise econômica mundial. “Pior, esse governo desarmou a sociedade ao dizer que ela (crise) estava muito distante de nós”.
Para o presidente do PPS, o Brasil aproveitou, em determinado momento, a abundância da economia mundial, mas deixou de lado questões básicas do processo de desenvolvimento. “O Governo se satisfez com um crescimento baseado no consumo, deixando de cuidar de aspectos importantes do desenvolvimento, deixando o País vulnerável aos impactos de qualquer crise econômica”.
Segundo Roberto Freire, São Paulo será uma das cidades que mais sofrerá com a no Brasil, pois “a crise é uma desestruturação do sistema econômico. Ela terá um impacto maior onde a economia é mais desenvolvida, onde ela é mais integrada”, explicou.
O ex-senador disse que São Paulo terá que pensar como sair dessa crise: “nós não devemos enfrentá-la apenas do ponto de vista do que ela é hoje, mas com visão de futuro”.
Ao final, deixou um alerta: “muitos desses empregos que estão sendo perdidos não serão mais recuperados. A estrutura econômica que está aí talvez tenha novos paradigmas de organização no futuro, não retornará àquilo que tínhamos. Quem pensar assim vai sair mal da crise”.
Dados, números
O gerente do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Marques Rebeloa, apresentou, durante sua palestra, os diversos indicadores da economia mundial e local.
“A crise financeira atingiu o Brasil via crédito internacional e pressionou a taxa de câmbio”. O economista demonstrou preocupação principalmente com a queda de 3,6% no PIB no 4º trimestre de 2008 e com a queda na produção industrial, que chegou a 7,4% no período. Garantiu “que a produção industrial sofrerá muito.”
Segundo ele, em fevereiro de 2009 mais de 43 mil vagas foram fechadas no mercado de trabalho do Estado de São Paulo e, desde outubro do ano passado, mais de 243 mil trabalhadores perderam empregos no Estado.
O especialista disse que a Reforma Tributária é inerente ao País e que a contenção dos gastos públicos, a manutenção da taxa de juros compatíveis com o mercado internacional e a reforma do sistema financeiro são mudanças que devem ser feitas para combater os impactos.
Queda do emprego na Indústria
Para Tony Volpon, analista de mercado e chefe da Capital Markets, a indústria é a que registra as maiores perdas porque dela partiu todo o crescimento anterior. Segundo o economista, “o Brasil entrou na onda e apostou tudo, como se o bom momento financeiro não fosse acabar”.
Para ele, Estados Unidos, China e União Européia foram os maiores responsáveis pela crise econômica. “A crise foi de crédito mundial, de aumento da dívida internacional, e não só de crédito americano. A China produzia em excesso devido a fortes investimentos internos, e os outros países, principalmente os Estados Unidos, consumiam via crédito forte; estabeleceram assim praticamente uma relação de simbiose”, explicou.
Volpon disse que a os impactos ainda chegarão ao setor de serviços e a cidade de São Paulo será fortemente afetada. “A crise não vai terminar logo e em breve chegará ao setor de serviços. O momento é de relaxamento fiscal, o Governo precisa de uma política para esta área, retomando a demanda na economia imediatamente. O corte de impostos no setor automobilístico foi um exemplo, o setor estava em franca queda e conseguiu voltar a vender”, ressaltou.
São Paulo, o setor de serviços e a crise social
Em seguida, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barato, apresentou um consistente levantamento da crise na cidade de São Paulo. Para o economista, “a cidade de São Paulo sentirá os efeitos da crise internacional. Não há antídoto que evite isto”.
Para ele, o setor industrial é o primeiro a sentir com mais intensidade a desaceleração da economia. Segundo os números apresentados por ele, 78% do valor adicionado da cidade de São Paulo é gerado no setor de serviços. Já a indústria corresponde com 23% do valor adicionado. “A cidade sentirá - em maior ou menor intensidade - de acordo com as repercussões que a crise trouxer para o setor de serviços”, explicou.
Barato salientou que os efeitos da crise já foram sentidos no âmbito das finanças públicas: “isso acirra o dilema da administração pública em contextos de crise: menores recursos em um momento decisivo para evitar o agravamento das tensões sociais”. Para ele, o Governo precisa preservar os R$ 4,3 bilhões de investimentos (15% do total) previstos no orçamento de 2009.
O economista também aponta um déficit comercial na cidade já que a crise vai impor maiores restrições ao comércio mundial. “No ano passado, o resultado negativo deve ter piorado por conta do acirramento da valorização cambial, até setembro, e posteriormente em razão da queda das vendas provocada pela turbulência mundial”, explicou o economista.
No fim, ele mostrou a sua preocupação com os graves problemas sociais acarretados com a crise: “Por ser uma cidade desigual em termos territoriais, econômicos e sociais, é evidente que a crise econômica tende a aguçar tais desequilíbrios”.
“A redução de investimentos na cidade, tanto do setor público quanto do privado, lança um horizonte de sombras para o convívio social, com a ameaça do aumento da violência, ampliação das desigualdades e maiores exigências na oferta de bens públicos”, finalizou.
Também participou do evento o presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas Amarildo Gabriel Alves.
“Não podemos ficar indiferentes a esse acontecimento mundial e seus reflexos na vida das pessoas. Para nós, vereadores, que temos vínculos diretos com as questões sociais e com os movimentos de resistência dos trabalhadores, sabemos o quanto é importante debater e encontrar saídas, medidas para conter essa crise mundial e seus efeitos na cidade”, explicou Claudio Fonseca.
O líder do PPS mostrou preocupação com os efeitos da crise na cidade: “diferentemente do que disse o nosso presidente (Lula), que subestimou os efeitos dessa crise, chegando a dizer que “enfrentávamos uma pequena marola”, estamos presenciando a queda do número de empregos em alguns setores na cidade de São Paulo, além de constatar a forte queda do PIB no último trimestre de 2008...”.
Finalizando, Fonseca acredita que tanto o Executivo quanto o Legislativo podem e devem propor ações concretas para evitar os efeitos da crise. “Fazendo esse debate, abrimos para a discussão, também, das idéias dos partidos políticos e suas visões sobre o atual momento”.
Floriano Pesaro (PSDB) também mostrou sua apreensão: “Nós, vereadores, não podemos nos omitir, pois o que está acontecendo é mais do que uma ‘marolinha’. Nossa preocupação é que a crise logo se torne social, por isso precisamos conhecer os seus dados para propor políticas públicas de geração de emprego e crédito”, enfatizou. Palavras compartilhadas pelo seu colega de bancada, o vereador Gilberto Natalini.
Palestras
O presidente nacional do PPS, ex-senador e ex-deputado Roberto Freire, primeiro palestrante do dia, criticou a atuação do governo federal no combate à crise. Segundo ele, o Governo não se preocupou, e muito menos se preparou, para enfrentar os efeitos da crise econômica mundial. “Pior, esse governo desarmou a sociedade ao dizer que ela (crise) estava muito distante de nós”.
Para o presidente do PPS, o Brasil aproveitou, em determinado momento, a abundância da economia mundial, mas deixou de lado questões básicas do processo de desenvolvimento. “O Governo se satisfez com um crescimento baseado no consumo, deixando de cuidar de aspectos importantes do desenvolvimento, deixando o País vulnerável aos impactos de qualquer crise econômica”.
Segundo Roberto Freire, São Paulo será uma das cidades que mais sofrerá com a no Brasil, pois “a crise é uma desestruturação do sistema econômico. Ela terá um impacto maior onde a economia é mais desenvolvida, onde ela é mais integrada”, explicou.
O ex-senador disse que São Paulo terá que pensar como sair dessa crise: “nós não devemos enfrentá-la apenas do ponto de vista do que ela é hoje, mas com visão de futuro”.
Ao final, deixou um alerta: “muitos desses empregos que estão sendo perdidos não serão mais recuperados. A estrutura econômica que está aí talvez tenha novos paradigmas de organização no futuro, não retornará àquilo que tínhamos. Quem pensar assim vai sair mal da crise”.
Dados, números
O gerente do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Marques Rebeloa, apresentou, durante sua palestra, os diversos indicadores da economia mundial e local.
“A crise financeira atingiu o Brasil via crédito internacional e pressionou a taxa de câmbio”. O economista demonstrou preocupação principalmente com a queda de 3,6% no PIB no 4º trimestre de 2008 e com a queda na produção industrial, que chegou a 7,4% no período. Garantiu “que a produção industrial sofrerá muito.”
Segundo ele, em fevereiro de 2009 mais de 43 mil vagas foram fechadas no mercado de trabalho do Estado de São Paulo e, desde outubro do ano passado, mais de 243 mil trabalhadores perderam empregos no Estado.
O especialista disse que a Reforma Tributária é inerente ao País e que a contenção dos gastos públicos, a manutenção da taxa de juros compatíveis com o mercado internacional e a reforma do sistema financeiro são mudanças que devem ser feitas para combater os impactos.
Queda do emprego na Indústria
Para Tony Volpon, analista de mercado e chefe da Capital Markets, a indústria é a que registra as maiores perdas porque dela partiu todo o crescimento anterior. Segundo o economista, “o Brasil entrou na onda e apostou tudo, como se o bom momento financeiro não fosse acabar”.
Para ele, Estados Unidos, China e União Européia foram os maiores responsáveis pela crise econômica. “A crise foi de crédito mundial, de aumento da dívida internacional, e não só de crédito americano. A China produzia em excesso devido a fortes investimentos internos, e os outros países, principalmente os Estados Unidos, consumiam via crédito forte; estabeleceram assim praticamente uma relação de simbiose”, explicou.
Volpon disse que a os impactos ainda chegarão ao setor de serviços e a cidade de São Paulo será fortemente afetada. “A crise não vai terminar logo e em breve chegará ao setor de serviços. O momento é de relaxamento fiscal, o Governo precisa de uma política para esta área, retomando a demanda na economia imediatamente. O corte de impostos no setor automobilístico foi um exemplo, o setor estava em franca queda e conseguiu voltar a vender”, ressaltou.
São Paulo, o setor de serviços e a crise social
Em seguida, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Humberto Barato, apresentou um consistente levantamento da crise na cidade de São Paulo. Para o economista, “a cidade de São Paulo sentirá os efeitos da crise internacional. Não há antídoto que evite isto”.
Para ele, o setor industrial é o primeiro a sentir com mais intensidade a desaceleração da economia. Segundo os números apresentados por ele, 78% do valor adicionado da cidade de São Paulo é gerado no setor de serviços. Já a indústria corresponde com 23% do valor adicionado. “A cidade sentirá - em maior ou menor intensidade - de acordo com as repercussões que a crise trouxer para o setor de serviços”, explicou.
Barato salientou que os efeitos da crise já foram sentidos no âmbito das finanças públicas: “isso acirra o dilema da administração pública em contextos de crise: menores recursos em um momento decisivo para evitar o agravamento das tensões sociais”. Para ele, o Governo precisa preservar os R$ 4,3 bilhões de investimentos (15% do total) previstos no orçamento de 2009.
O economista também aponta um déficit comercial na cidade já que a crise vai impor maiores restrições ao comércio mundial. “No ano passado, o resultado negativo deve ter piorado por conta do acirramento da valorização cambial, até setembro, e posteriormente em razão da queda das vendas provocada pela turbulência mundial”, explicou o economista.
No fim, ele mostrou a sua preocupação com os graves problemas sociais acarretados com a crise: “Por ser uma cidade desigual em termos territoriais, econômicos e sociais, é evidente que a crise econômica tende a aguçar tais desequilíbrios”.
“A redução de investimentos na cidade, tanto do setor público quanto do privado, lança um horizonte de sombras para o convívio social, com a ameaça do aumento da violência, ampliação das desigualdades e maiores exigências na oferta de bens públicos”, finalizou.
Também participou do evento o presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas Amarildo Gabriel Alves.
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